domingo, 11 de abril de 2010

Ritual dos Sádicos, Por Rafaela Torres Galindo.


Não é de hoje que a Igreja Caótica, quer dizer, Católica, tem a lisura colocada em questionamento. Recentemente, a imprensa mundial divulgou maciçamente que o papa Bento XVI pode ter tido conhecimento detalhado de episódios de abuso sexual contra menores na igreja. De acordo com o jornal americano The Washington Post , Bento XVI, quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger, responsável pela Congregação da Doutrina e da Fé, em 1985, desaconselhou que um sacerdote californiano, acusado de ter molestado menores, fosse reduzido em estado laico. A publicação cita trechos da carta escrita por Ratzinger, na qual o então gestor da Congregação para a Doutrina da Fé expressou sua preocupação pelas conseqüências que a remoção do sacerdote poderia ter para o “bem da Igreja”.

A carta, dirigida à diocese de Oakland, fazia parte de uma série de correspondências que durante anos discutiam os crimes do padre Stephen Kiesle. Detalhe, o Vaticano confirmou que a assinatura presente no texto seria a de Ratzinger. Já o The New York Times publicou que, em 1998, o Vaticano teria ordenado que o processo canônico contra o sacerdote Lawrence Murphy, acusado de abusar 200 crianças surdas, fosse paralisado. Anteriormente, a Santa Fé havia alegado que quando soube dos casos, o “pobrezinho” do Murphy já era idoso e estava com a saúde debilitada. Assim, Lawrence escapou ileso sob a estirpe da Igreja Católica e, sobretudo, de Ratzinger.

A Igreja Caótica, ops! Católica, assim como outras instituições, tenta evitar os escândalos empurrando a sujeira para debaixo do tapete. Renunciar? Bento XVI? Creio que não seja apenas essa a questão. Sou a favor de que cada qual pague pelos erros, mas puni-los sem repensar sobre a estrutura do sistema eclesiástico, clerical e hierárquico seria abreviar, ou até mesmo abrandar, a pena. Sendo assim, teríamos que começar pela lei do celibato (falo teríamos porque acredito que a sociedade deve repensar essas pendências) que tolhe a liberdade do homem, mas não consegue refugiar os sentimentos de prazer, inerentes à raça humana. Depois, a própria sociedade deve ser responsável pela punição desses psicopatas que se aproveitam da inocência pueril, em prol de um ritual sádico nefasto e mais insano que alguém poderia ousar.

Tudo bem que não podemos estabelecer uma relação inequívoca de causalidade entre celibato e pedofilia, pois muitos parentes, até mesmo pais, abusam sexualmente de crianças. No entanto, não podemos nos desvincular totalmente do celibato obrigatório e a pedofilia, sobretudo, quando para se chegar a padre, se foi educado, reformado e engomado desde criança ou adolescente num internato. Logo, aumentando o risco de desenvolver uma sexualidade imatura. Sou a favor de que todos pensem e ajam com inteligência. Não estamos mais no século em que a Igreja Caótica, ou desculpe novamente, Católica, manda e desmanda. A Idade Média acabou. Mas, infelizmente, parece que carregou consigo, até a era da nossa frágil pós-modernidade, os infortúnios de uma sociedade louca e pervertida por valores morais decadentes.

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