sexta-feira, 22 de abril de 2011

O fantástico livro de receitas bizarras do mundo

Nos próximos dias, o leitor poderá conferir receitas consideradas nojentas e assustadoras pela maioria das pessoas. Tem vinho de rato, sopa de sangue e ovo com embrião de pato, além de produtos já prontos e um guia com os restaurantes mais esquisitos do planeta. Na cardápio de hoje, as sopas. Bom apetite!

SOPA DE SANGUE DE PATO

Origem – Vietnã

Beber sangue é uma herança de nosso passado como caçadores. Ele já vinha “de brinde” com as caças, tem pouca gordura e muitos nutrientes. Em alguns países, o costume persistiu: há sopas de sangue na Polônia, Suécia, Filipinas e México. A tiêt canh é feita com sangue cru de pato, temperado com amendoim, vegetais e gengibre. Depois de ir à geladeira, ele coagula e fica igual gelatina.

No Vietnã, também é comum beber sangue de cobra. Matam o bicho na hora, para poder servi-lo anda fresco e quente.

SOPA DE LAGARTO



Origem – China

Para essa receita, você precisa de um macho e uma fêmea. Mas não se preocupe: é assim mesmo, em casaizinhos, que eles são vendidos em vários mercados da Ásia. Os comerciantes ainda os empalam para exibi-los como se fossem pipas. Então, não se esqueça de tirar os palitos quando for cortá-los em pedaços e cozinhá-los com água, caldo e inhame. A textura e o gosto se parecem com os de peixe.

TROMPAS DE FALÓPIO

Origem – China

A China sempre foi um país de famintos. Há registros de ao menos um grande caso de fome em alguma de suas províncias todo ano desde o período antes de Cristo até o começo do século 20. Por isso eles são especialistas em papar o que outros povos dispensam – como no caso do hasma, uma sopa de trompas de falópio desidratadas de rãs! O gosto lembra nossa tapioca e harmoniza com outras sopas doces.

Semana Maneirista

Todos os dias, a partir de hoje, postaremos imagens de pinturas de vários artistas, representantes dos mais variados estilos e das mais divergentes escolas. Cada semana abordaremos uma temática, podendo variar sobre a história do artista, de uma tendência ideológica ou estética ou, ainda, sobre evento disponível à apreciação na nossa cidade.



Para começo de temporada, a obra maneirista Laocoonte(c.1610-1614), com 1,37m x 1,72m, óleo sobre tela do pintor grego, El Greco, exposta atualmente no National Gallery of Art, em Washington, D.C., EUA. O termo "maneirista" vem da palavra italiana para estilo (no sentido de elegância): maniera. Foram obras descritas como "artificiais" e "esquisitas" por divergirem dos valores renascentistas em voga , uma vez que o maneirismo, de certa forma, foi uma reação ao naturalismo relativo da Alta Renascença.

A arte maneirista em geral envolve o exagero e algum tipo de estranhamento, principalmente nas cores fortes, como nos tons ácidos de Laocoonte (acima). Esta impressionante obra mostra o sacerdote Laocoonte sendo punido pelos deuses, vistos do lado direito da pintura, por tentar alertar os troianos da ameaça do Cavalo de Troia, que escondia um grupo de soldados gregos. Enviadas pelos deuses, serpentes marinhas são vistas matando Laocoonte e seus dois filhos.

A fantasmagórica luz branca na obra sugere que a cena é iluminada pelo clarão de um raio, um efeito dramático reforçado pelo branco nas agourentas nuvens ao longe. Há também um toque de fantasia na pintura: as rochas em primeiro plano parecem disformes e imateriais como as nuvens no horizonte; do lado esquerdo da tela, os dois elementos quase se fundem. Em comum com muitas obras maneiristas, esta pintura é extremamente criativa e complexa, mas pode parecer misteriosa aos olhos contemporâneos.

No passado, alguns críticos sugeriram que o estilo distorcido e o ritmo fluido de El Greco eram sinais de insanidade. Obras como Laocoonte, O enterro do conde de Orgaz (1586-1588) e Assunção da Virgem (1577-1579) parecem menos "esquisitas", quando se reconhece o fervor espiritual que salta aos olhos a cada pincelada. El Greco nasce Doménikos Theotokópoulos em Creta, então parte da República Veneziana. "El Greco" era o codinome que ele usava para assinar suas obras na Grécia. Ele estudou para ser pintor de ícones e a influência da arte bizantina é perceptível em seu trabalho.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça: por um cinema da contaminação, por Caio Rodrigues


Considerado a obra inspiradora do Cinema Novo, Rio 40 graus, do diretor Nelson Pereira dos Santos, é a narrativa da história da sociedade brasileira no Rio de Janeiro pós-governo Getúlio Vargas. Através do cotidiano de cinco meninos de uma favela que tentam ganhar a vida vendendo amendoim, o diretor e roteirista denuncia as contradições do sistema capitalista então vigente.

Produzido em 1955, o filme possui forte influência do realismo poético francês, notadamente da nouvelle vague, e do neo-realismo italiano, ao buscar, através do uso de elementos da realidade numa peça de ficção, representar a realidade social e econômica de uma época. Nelson Pereira dos Santos era comunista filiado ao partido PCB e utilizou Rio 40 graus como veículo estético-ideológico de resistência.

Sua temática, protagonizada por (não) atores amadores, analisa as pessoas da classe operária imersas em um ambiente injusto e fatalista, sempre encontrando a frustração na eterna busca por melhores condições de vida. Na exploração da crônica selvagem do lumpemproletariado, na utilização de uma linguagem popularesca e na radical experiência de contaminação através da “apresentação” da sociedade em vez da representação, Rio 40 graus é um filme de desterritorialização.

O filme enfrentou vários problemas desde sua concepção, como a censura da obra pelo chefe da Segurança Pública na época, Geraldo de Menezes Cortes, ao alegar que a mesma estava repleta de elementos comunistas, passava uma má imagem de políticos e possuía várias gírias, além de ser mentiroso, já que nunca se havia registrado, até aquele momento, a temperatura de 40 graus no Rio de Janeiro.

Precursor do movimento que nasceu para elevar o status do cinema de arte nacional, Rio 40 graus é parte importante da filmografia essencial para qualquer cinéfilo. No Brasil, nomes como Glauber Rocha, Rogério Sganzerla e Leon Hirszmann se lançaram como defensores dos preceitos e da estética estabelecida no país por Nelson Pereira dos Santos.