Querida, ao pé do leito
derradeiro
Em que descansas dessa longa
vida,
Aqui venho e virei, pobre
querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto
verdadeiro
Que, a despeito de toda a
humana lida,
Fez a nossa existência
apetecida
E num recanto pôs o mundo
inteiro.
Trago-te flores - restos
arrancados
Da terra que nos viu passar
unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos
malferidos
Pensamentos de vida
formulados,
São pensamentos idos e
vividos.
Machado de Assis (1839-1908)
quarta-feira, 20 de julho de 2011
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