quarta-feira, 20 de julho de 2011

Carolina, de Machado de Assis

Querida, ao pé do leito
derradeiro
Em que descansas dessa longa
vida,
Aqui venho e virei, pobre
querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto
verdadeiro
Que, a despeito de toda a
humana lida,
Fez a nossa existência
apetecida
E num recanto pôs o mundo
inteiro.

Trago-te flores - restos
arrancados
Da terra que nos viu passar
unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos
malferidos
Pensamentos de vida
formulados,
São pensamentos idos e
vividos.

Machado de Assis (1839-1908)

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