sábado, 8 de outubro de 2011
A louca, de Augusto dos Anjos (1884-1914)
A Dias Paredes
Quando ela passa: - a veste
desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz
penada.
Moça, tão moça e já
desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo
caminho,
No sudário de mágoa sepultada.
Eu sei a sua história. – Em seu
passado
Houve um drama d’amor
misterioso
- O segredo d’um peito
torturado –
E hoje, para guardar a mágoa
oculta,
Canta, soluça – coração
saudoso,
Chora, garganta, a desgraçada
estulta.
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