domingo, 14 de junho de 2009

Homens e Caranguejos

"Os mangues do Recife são o paraíso do caranguejo. Se a terra foi feita para o homem com tudo para servi-lo, o mangue foi feito essencialmente para o caranguejo. Tudo aí é, ou está para ser caranguejo, inclusive a lama e o homem que vive nela. A lama misturada com urina, excremento e outros resíduos que a maré traz, quando ainda não é caranguejo vai ser. O caranguejo nasce nela, vive dela, cresce comendo lama, engordando com as porcarias dela, fabricando com a lama a carninha branca de suas patas e a geléia esverdeada de suas vísceras pegajosas. Por outro lado, o povo daí vive de pegar caranguejo, chupar-lhe as patas, comer e lamber seus cascos até que fiquem limpos como um copo e com sua carne feita de lama fazer a carne do seu corpo e a do corpo de seus filhos. São duzentos mil indivíduos, duzentos mil cidadãos feitos de carne de caranguejos. O que o organismo rejeita volta como um detrito para a lama do mangue para virar caranguejo outra vez". (Josué de Castro)

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O dia em que o Brasil foi invadido!

A invasão do Brasil pelos EUA, com o objetivo de tomar posse dos recursos naturais do país. A elite das forças especiais do exército americano irá liderar a invasão. Só um país será o vencedor.



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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Movimentos neonazistas

Como se já não tivéssemos suficientes problemas a enfrentar e resolver, o impulso de imitação, ou coisa pior, faz surgirem entre nós manifestações racistas e fascistas. O Brasil nunca teve uma tradição de adesão a teses e práticas do fascismo alemão, conhecido como nazismo, como aconteceu na Argentina, cujo ditador Juan Perón recebeu ali criminosos fugitivos da derrocada do 3º Reich. Apesar de cercado de simpatizantes do nazismo, inclusive alguns militares, Getúlio Vargas era pragmático e optou por aderir aos aliados antinazistas após receber do presidente estadunidense Franklin Roosevelt garantia de financiamento para a Companhia Siderúrgia Nacional. Apesar desse distanciamento, tivemos um movimento fascistoide, o integralismo, e de vez em quando aparecem no noticiário casos de extremistas que se dizem neonazistas.
Como os Estados do Sul receberam consideráveis levas de imigrantes de origem alemã desde o início do século 19, muitos de seus descendentes ainda conhecem a língua dos antepassados e a sua cultura, talvez isso facilite a aparição daqueles grupos ali (apesar de que ser alemão não é ser nazista, claro). O caso mais recente, descoberto a partir do assassinato de um casal que divergia no Paraná e parece ser bastante sério para merecer investigações e punições mais aprofundadas. Esses grupos extremistas, inclusive o ligado ao caso mais recente, se escondem por trás de associações comuns e costumam atacar em bando pessoas indefesas, geralmente gente mais humilde, que tem dificuldade em reconhecer e processar seus agressores.
O bando que matou aquele casal estava reunido numa granja perto de Curitiba para comemorar os 120 anos do nascimento de Adolf Hitler, ideólogo e líder do nacional-socialismo, mais conhecido como nazismo. Jairo Maciel Fischer, que confessou ter assassinado um dos dois mortos, mora e trabalha em Teutônia(PR). Coincidentemente, a polícia descobriu que, dias antes do crime, o líder do movimento neonazista no Brasil, Ricardo Barollo, visitara a cidade. Os dois estão presos e as investigações policiais prosseguem.
São inquietantes as tentativas de ressurgimento do nazismo, que acontecem na Europa e também em outros países, bem como a quantidade de pessoas que agem nesse sentido ou simplesmente participam de reuniões como simpatizantes. Os líderes buscam atrair jovens dissimulando um pouco suas intenções e objetivos. Utilizam muito a internet. Um dos dogmas do nazismo é a pureza racial ariana. Como no Brasil não é fácil encontrar muitos espécimes dessa fictícia "raça pura", os neonazistas locais encontram seus alvos entre negros e índios e seus descendentes, judeus, homossexuais, grupos minoritários.
Esses movimentos estão proibidos na Alemanha e em quase todos os países do mundo, inclusive no Brasil, devido ao mal que o reinado de Hitler causou ao seu país e ao mundo inteiro, o que inclui as dezenas de milhões de vítimas da 2ª Guerra Mundial. É preciso dar muita atenção à questão. Até nos Estados Unidos, país que foi decisivo para possibilitar a derrota das forças nazistas e onde há uma longa tradição de liberdade e democracia, grupos neonazistas agem explorando a insegurança dos anglo-saxões diante do crescimento e ascensão cultural e política de etnias outras, como afro-americanas e hispano-americanas.
O nosso país já tem muitas fragilidades e não pode ficar exposto a ideologias e comportamentos extremistas que, em prazo mais longo, poderão jogar fora anos e anos de tentativas de desenvolvimento democrático. É preciso agir com firmeza contra tais movimentos. No começo dos anos 1930, na Alemanha, a ideologia nazista e suas ações à margem da lei puderam prosperar porque não houve uma reação rápida e firme da breve República de Weimar, que sucedeu à derrota da Alemanha na 1ª Guerra Mundial. Assim, Hitler teve folga para jogar suas milícias clandestinas nas ruas, incendiar o Reichstag (parlamento), começar a acuar os judeus e qualquer um que a ele se opusesse e, finalmente, tornar-se o único dono do poder e levar à barbárie um povo com séculos de civilização.

Charges

terça-feira, 12 de maio de 2009

Charges

Causos e causas


O presidente da Assembléia Legislativa, Guilherme Uchôa (PDT), se mostrou irritado pela insistência no interesse DA POPULAÇÃO pela publicação na internet das notas fiscais dos gastos dos parlamentares com a verba indenizatória - fixada em R$11.250 por mês.

"Sobre essa matéria, você pode continuar falando que não vai para canto nenhum. Me recuso a falar. Pode colocar aí: 'Uchôa se recusa a falar.'", disparou o presidente da Casa.

O custo da insegurança, de Cláudia Parente

Que a população não está segura nas ruas do Recife, não é novidade. Mas que falte segurança quando se paga caro por um serviço ou lazer, contando com ela, não é admissível. É assim que devem se sentir as vítimas de assalto em uma boate de classe média alta, na orla de Boa Viagem. O espaço foi invadido por quatro assaltantes que roubaram e aterrorizaram os presentes.
Mesmo que alguém invoque a dificuldade de evitar assaltos, algumas medidas de segurança poderiam pelo menos dificultá-los. Como colocar um número adequado de vigilantes e usar equipamentos como detectores de metal - para coibir a entrada de pessoas armadas - e câmeras. Na boate em questão há esse equipamento. Mas de pouco adianta, já que não grava as imagens, só faz monitoramento. Sem essa ferramenta, vai ficar mais difícil identificar os criminosos. Embora segurança não seja barato, a falta de investimento nela não representa prejuízo apenas para os frequentadores desses estabelecimentos. Também custa caro aos donos.
Como atrair mais clientes quando as pessoas sabem que estão sujeitas a virar refém de um bando qualquer? Esperar que o Estado ofereça proteção é uma ilusão, já que a polícia não consegue sequer patrulhar todas as ruas da cidade. Não que esse aparato elimine a possibilidade de assalto. Mas, certamente, irá dificultá-lo.

ONU denuncia massacre de civis



Nova Iorque - A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou a morte de mais de cem crianças nos confrontos entre a guerrilha separatista tâmil e o Exército do Sri Lanka no último reduto rebelde, ao norte da ilha asiática, onde se refugiam milhares de civis. A organização afirmou que os confrontos se transformaram no banho de sangue que havia previsto, enquanto rebeldes e tropas cingalesas trocam acusações pela morte de centenas de civis.
Segundo um médico do governo, o número de civis mortos pelo conflito é de ao menos 430 e pode chegar a mil. Já os rebeldes dos Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE) afirmam que mais de 3.200 civis morreram, em ataques do Exército que classificaram de genocídio.
Dados da ONU indicam que cerca de 6.500 civis foram mortos como consequência da renovação dos esforços do governo na guerra.
A àrea de confronto, no norte do Sri Lanka, é vetada a jornalistas e por isso não há confirmação independente do número de mortos.

Charge

Minc na Marcha da Maconha


Se o tivéssemos o Ministério Público Federal de antigamente, o ministro Carlos "Holofotes" Minc (Meio Ambiente, foto) não escaparia de processo com base nos artigos 286 e 287 do Código Penal, por apologia ao crime, ao participar da Marcha da Maconha, no Rio.

Mestre Vitalino, trancado vivo


Vitalino Pereira dos Santos, nosso Vitalino, é um dos maiores escultores em barro do Brasil. Nasceu, faz um século, no lugarejo Ribeira dos Campos, perto de Caruaru. Em seu depoimento a René Ribeiro, da Fundação Joaquim Nabuco, diz: "Eu, alem de analfabeto, criei-me trancado vivo, (...) cismado que só saguim criado no meio do mato." Seu pai era agricultor e a mãe, além de trabalhar em casa, ajudava nas lides da roça e fazia louça de barro na entressafra.
Mudou-se desse ambiente rural para o Alto do Moura, bairro de Caruaru. A grande transformação e aceitação do seu trabalho na feira daquela cidade, feira famosa da região, obrigou-o a mudanças. Quando menino, fazia "louça de brincadeira", pequenos animaizinhos e vasilhas, com as sobras de barro da louça que sua mãe produzia para vender na feira.
Foi grande o sucesso que causaram na feira de Caruaru as suas "invenções", como qualificavam as peças do seu oficío os companheiros ceramistas. Com sua chegada, passou a atuar como mestre entre os artesãos. Formou-se ali, em torno dele, a primeira geração de bonequeiros: Zé Caboclo, Manuel Eudócio, Zé Rodrigues e outros. Vitalino foi o primeiro a retratar, na região, a vida no sertão e na cidade. Inicialmente figuras isoladas, como O caçador de onça, a que se seguiram grupos que retratam desde o trabalho agropastoril do camponês até o seu desterro, nas representações que faz dos retirantes, tão adequadas à sua linguagem dramática, solidária e expressionista. Fixa igualmente ritos de passagem - nascimento, casamento e morte - e ergue do barro figuras míticas de cangaceiros, bois, lobisomens sangrando homens, o diabo tripudiando sobre o bêbado.
A crescente popularidade, local e nacional, trazida pelo trabalho inovador, em nada altera seu comportamento. Religioso, expansivo na idade adulta e com gosto pelo convívio, Vitalino tinha prazer em conversar com o público na feira, em beber com os amigos, tocar na banda de pífanos. Seu modo comunicativo e alegre de ser, contraposto à dura condição da sua vida material, reflete-se em composições como Homem foliando samba, Vaqueiros, Queda de braço, Banda, que mostram o artista gostando de estar no mundo, entre os homens.
Foi uma exposição organizada por Augusto Rodrigues, no Rio de Janeiro, 1947, - prefaciada pelo poeta Joaquim Cardozo - que revelou Vitalino para o grande público. Esse fato, um dos indicadores da "descoberta" das artes do povo pelas elites intelectuais, é consequência do processo histórico-cultural ligado às premissas do Movimento Modernista de 1922 e do Movimento Regionalista do Recife.
Tratava-se de tornar visíveis, para a norma erudita, os valores das culturas do povo, que até hoje mantém com a primeira e entre si uma grande circularidade, que confere à civilização brasileira uma fisionomia plural, híbrida, única no mundo, conforme Lélia Coelho Frota, na costumeira argúcia, observa muito bem.
O fato é que Vitalino alinha-se hoje entre os grandes artistas brasileiros, uma vez que estão ultrapassados os obstáculos epistemológicos que consideravam a arte do povo inferior à arte de tradição letrada ocidental.
A arte do povo tem, a partir do século 20, autoria, padrões de gosto e fruição estética próprias, de forte representação simbólica e invenção formal. Em Flauta de Papel, o poeta Manuel Bandeira escreve várias páginas sobre Vitalino e diz que a significação plástica dos bonecos de Caruaru "valia a de Lipchiz", considerando-os realmente "obras de arte".
Os trabalhos de Vitalino colocam-nos diante de "toda uma vida sentida e comentada", como bem observou, em 1947, Joaquim Cardozo, na sua apresentação da primeira mostra de Vitalino e seus companheiros, no Rio. Nesses até então desconhecidos escultores do povo, o olhar radiográfico de Cardozo souber ver "uma riqueza formal e uma emoção particular e duradoura". Décadas depois, as palavras do poeta são válidas para quem se encontrar no pórtico do conhecimento da obra de Vitalino:
"Aqueles que entrarem nesta sala, livres de conceitos, prejulgados ou com o espírito cuidadosamente desprovido dos símbolos e expressões neles criados pelo automatismo da memória, verão que as formas puras da beleza nem sempre repousam nas terras altas da ciência e da sabedoria dos grandes artistas, mas descem, como pássaros divinos, sobre a igualdade dos homens comuns."
Apesar de ter a sua obra exposta no Museu de Arte Popular de Viena e em grandes museus nacionais, Vitalino, cujo centenário celebramos, morreu de varíola, em 1963, pobre e famoso, no Alto do Moura. Hoje, mais de 500 famílias vivem ali da arte do barro, que ele inovadoramente implantou na cidade, maior centro de ceramistas na América Latina.

Lei de Imprensa

Tarde, porém afinal varrendo um penduricalho da ditadura, extinguiu-se a Lei de Imprensa, uma legislação especial que alguns acham desnecessária, uma vez que todos estão sujeitos ao Código Civil. O governo militar a considerou necessária dentro de seu objetivo de melhor controlar a mídia. Sua extinção, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), atende a um clamor antigo da sociedade, sobretudo de profissionais e empresas jornalísticas. Ela intimidava quem trabalhava fazendo reportagens, artigos, colunas, sobretudo os que se dedicam a um jornalismo investigativo e crítico. E, também os donos de grupos de área, frequentemente onerados pelo pagamento de indenizações milionárias. A lei ainda limitava o exercício do bom jornalismo ao impedir o exercício da profissão por pessoas capacitadas, talentosas, e exigir que só fosse contratado para meios de comunicação social quem tivesse um diploma de curso específico.
Além disso, segundo reconheceu o STF, a lei agredia princípios constitucionais oriundos da redemocratização. Por tudo isso, foi recebida com larga aprovação a decisão do Supremo. Há certamente alguns descontentes, defensores de uma reserva de mercado que não faz sentido, para formação em cursos de jornalismo, comunicação social. Esses cursos são bons quando conseguem (há uns muitos ruins, como também em outras áreas) dar ao estudante uma cultura geral que é utilíssima para quem tem de escrever, e às vezes opinar, sobre os mais diversos temas. Mas cultura geral se pode adquirir também em cursos como os de direito, história, filosofia e outros. São o jornal e outros meios de comunicação social que criam o bom jornalista. Nos Estados Unidos, nosso modelo em tanta coisa, há cursos de jornalismo, mas no nível de pós-graduação, para aperfeiçoar quem já está na profissão.
A discussão agora é sobre a necessidade, ou não, de uma lei específica para a imprensa. Há quem ache inútil essa especificidade. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que foi quem solicitou no STF a revogação da lei, se posiciona contra a elaboração de uma nova lei específica para a imprensa, pois acredita que o direito do povo à informação seria restringido por qualquer lei. Segundo ele, não há aquela necessidade, nem mesmo para disciplinar regras do direito de resposta, pois tal direito está assegurado na Constituição. Basta que qualquer cidadão dirija uma petição a um juiz. "Eu temo por qualquer lei por várias razões, mas principalmente porque, quando examinamos as leis de imprensa, nenhuma delas é a favor do direito do povo à informação. Todas são restritivas", enfatiza o deputado.
Para a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e também a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que representam empresas de comunicação e profissionais, a simples extinção da Lei de Imprensa, sem a fixação de novos parâmetros para a atividade jornalística, como o direito de resposta, cria um perigoso vácuo na legislação. Para as duas entidades, sem normas específicas jornais e jornalistas estarão à mercê de imprevisíveis decisões judiciais. Ambas aprovaram com ressalvas a decisão do STF. É grande a preocupação com o direito de resposta sem regulamentação legal. Esse direito tem criado constrangimentos e prejuízos financeiros a empresas da mídia e a profissionais.
Em recente artigo na Folha de S. Paulo, o advogado José Paulo Cavalcanti Filho, há muito estudioso do assunto, dá sua opinião. Começa dizendo que todos os países integrantes da ONU têm leis de imprensa, menos o Brasil agora. Os casos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha são diferentes porque esses países se regem pela common law (direito consuetudinário). Mas ambos têm códigos de ética e outras normativas. Para ele, jornais e jornalistas perdem sem uma lei de imprensa. E a decisão do Supremo permite uma visão otimista: o fato serviria de estímulo ao Congresso para a aprovação de uma nova lei. Uma lei de imprensa democrática garante direitos fundamentais, como a "cláusula de consciência", por exemplo, que permite que o jornalista não assine reportagem contra suas crenças e ideologias, sem ser demitido por isso. Tramitam no Congresso Nacional projetos de lei de imprensa há mais de dez anos.