Como se já não tivéssemos suficientes problemas a enfrentar e resolver, o impulso de imitação, ou coisa pior, faz surgirem entre nós manifestações racistas e fascistas. O Brasil nunca teve uma tradição de adesão a teses e práticas do fascismo alemão, conhecido como nazismo, como aconteceu na Argentina, cujo ditador Juan Perón recebeu ali criminosos fugitivos da derrocada do 3º Reich. Apesar de cercado de simpatizantes do nazismo, inclusive alguns militares, Getúlio Vargas era pragmático e optou por aderir aos aliados antinazistas após receber do presidente estadunidense Franklin Roosevelt garantia de financiamento para a Companhia Siderúrgia Nacional. Apesar desse distanciamento, tivemos um movimento fascistoide, o integralismo, e de vez em quando aparecem no noticiário casos de extremistas que se dizem neonazistas.
Como os Estados do Sul receberam consideráveis levas de imigrantes de origem alemã desde o início do século 19, muitos de seus descendentes ainda conhecem a língua dos antepassados e a sua cultura, talvez isso facilite a aparição daqueles grupos ali (apesar de que ser alemão não é ser nazista, claro). O caso mais recente, descoberto a partir do assassinato de um casal que divergia no Paraná e parece ser bastante sério para merecer investigações e punições mais aprofundadas. Esses grupos extremistas, inclusive o ligado ao caso mais recente, se escondem por trás de associações comuns e costumam atacar em bando pessoas indefesas, geralmente gente mais humilde, que tem dificuldade em reconhecer e processar seus agressores.
O bando que matou aquele casal estava reunido numa granja perto de Curitiba para comemorar os 120 anos do nascimento de Adolf Hitler, ideólogo e líder do nacional-socialismo, mais conhecido como nazismo. Jairo Maciel Fischer, que confessou ter assassinado um dos dois mortos, mora e trabalha em Teutônia(PR). Coincidentemente, a polícia descobriu que, dias antes do crime, o líder do movimento neonazista no Brasil, Ricardo Barollo, visitara a cidade. Os dois estão presos e as investigações policiais prosseguem.
São inquietantes as tentativas de ressurgimento do nazismo, que acontecem na Europa e também em outros países, bem como a quantidade de pessoas que agem nesse sentido ou simplesmente participam de reuniões como simpatizantes. Os líderes buscam atrair jovens dissimulando um pouco suas intenções e objetivos. Utilizam muito a internet. Um dos dogmas do nazismo é a pureza racial ariana. Como no Brasil não é fácil encontrar muitos espécimes dessa fictícia "raça pura", os neonazistas locais encontram seus alvos entre negros e índios e seus descendentes, judeus, homossexuais, grupos minoritários.
Esses movimentos estão proibidos na Alemanha e em quase todos os países do mundo, inclusive no Brasil, devido ao mal que o reinado de Hitler causou ao seu país e ao mundo inteiro, o que inclui as dezenas de milhões de vítimas da 2ª Guerra Mundial. É preciso dar muita atenção à questão. Até nos Estados Unidos, país que foi decisivo para possibilitar a derrota das forças nazistas e onde há uma longa tradição de liberdade e democracia, grupos neonazistas agem explorando a insegurança dos anglo-saxões diante do crescimento e ascensão cultural e política de etnias outras, como afro-americanas e hispano-americanas.
O nosso país já tem muitas fragilidades e não pode ficar exposto a ideologias e comportamentos extremistas que, em prazo mais longo, poderão jogar fora anos e anos de tentativas de desenvolvimento democrático. É preciso agir com firmeza contra tais movimentos. No começo dos anos 1930, na Alemanha, a ideologia nazista e suas ações à margem da lei puderam prosperar porque não houve uma reação rápida e firme da breve República de Weimar, que sucedeu à derrota da Alemanha na 1ª Guerra Mundial. Assim, Hitler teve folga para jogar suas milícias clandestinas nas ruas, incendiar o Reichstag (parlamento), começar a acuar os judeus e qualquer um que a ele se opusesse e, finalmente, tornar-se o único dono do poder e levar à barbárie um povo com séculos de civilização.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
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