quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fanatismo religioso no imaginário medieval é explorado por Bergman, por Caio Rodrigues

Filmado em 1959, produção ganhou inúmeros prêmios e consagrou definitivamente o diretor sueco no cenário mundial.



Vencedor do Oscar e do Globo de Ouro por Melhor Filme Estrangeiro, além de receber a Menção Especial do Festival de Cannes, A Fonte da Donzela (Jungfrukällan, 1959), com Max Von Sydow, Birgitta Valberg e Gunnel Lindblom, é uma produção cinematográfica fascinante do mestre sueco Ingmar Bergman, no qual ele volta a explorar o imaginário medieval de O Sétimo Selo.

A história se passa na Suécia do século XIV, num país dividido, assim como toda a Europa, entre o cristianismo e o paganismo. Em uma época marcada pela intransigência e brutalidade da Igreja contra qualquer outro modo de vida, um casal de cristãos fervorosos deseja cumprir a obrigação de levar um ente puro da família para levar velas até a igreja do vilarejo, assim como diz o regulamento dogmático.

No caminho, a jovem é estuprada e assassinada por dois pastores e, sem saber, acabam indo à casa dos pais da moça pedir comida e abrigo. Com um desfecho avassalador, onde a fé dá lugar à culpa, que cede passagem ao pecado até dá origem a redenção, Bergman nos brinda com uma análise crítica da situação daqueles que acreditam e vivem por Deus.

Com roteiro de Ulla Usaksson, baseado na balada medieval A Filha de Tore (Tores Dotter/Vänge), e belíssima fotografia do genial Sven Nkvist, o filme é predominado pelo jogo de sombras e luzes em cenas deslumbrantes, que nos remetem a passagens da bíblia, como a da família reunida na mesa para cear (a última ceia de Jesus Cristo). Obra-prima indiscutível do inigualável Ingmar Bergman.



Caio Rodrigues: caiorodriguesjornalista@hotmail.com

Nenhum comentário: