sexta-feira, 22 de abril de 2011

Semana Maneirista

Todos os dias, a partir de hoje, postaremos imagens de pinturas de vários artistas, representantes dos mais variados estilos e das mais divergentes escolas. Cada semana abordaremos uma temática, podendo variar sobre a história do artista, de uma tendência ideológica ou estética ou, ainda, sobre evento disponível à apreciação na nossa cidade.



Para começo de temporada, a obra maneirista Laocoonte(c.1610-1614), com 1,37m x 1,72m, óleo sobre tela do pintor grego, El Greco, exposta atualmente no National Gallery of Art, em Washington, D.C., EUA. O termo "maneirista" vem da palavra italiana para estilo (no sentido de elegância): maniera. Foram obras descritas como "artificiais" e "esquisitas" por divergirem dos valores renascentistas em voga , uma vez que o maneirismo, de certa forma, foi uma reação ao naturalismo relativo da Alta Renascença.

A arte maneirista em geral envolve o exagero e algum tipo de estranhamento, principalmente nas cores fortes, como nos tons ácidos de Laocoonte (acima). Esta impressionante obra mostra o sacerdote Laocoonte sendo punido pelos deuses, vistos do lado direito da pintura, por tentar alertar os troianos da ameaça do Cavalo de Troia, que escondia um grupo de soldados gregos. Enviadas pelos deuses, serpentes marinhas são vistas matando Laocoonte e seus dois filhos.

A fantasmagórica luz branca na obra sugere que a cena é iluminada pelo clarão de um raio, um efeito dramático reforçado pelo branco nas agourentas nuvens ao longe. Há também um toque de fantasia na pintura: as rochas em primeiro plano parecem disformes e imateriais como as nuvens no horizonte; do lado esquerdo da tela, os dois elementos quase se fundem. Em comum com muitas obras maneiristas, esta pintura é extremamente criativa e complexa, mas pode parecer misteriosa aos olhos contemporâneos.

No passado, alguns críticos sugeriram que o estilo distorcido e o ritmo fluido de El Greco eram sinais de insanidade. Obras como Laocoonte, O enterro do conde de Orgaz (1586-1588) e Assunção da Virgem (1577-1579) parecem menos "esquisitas", quando se reconhece o fervor espiritual que salta aos olhos a cada pincelada. El Greco nasce Doménikos Theotokópoulos em Creta, então parte da República Veneziana. "El Greco" era o codinome que ele usava para assinar suas obras na Grécia. Ele estudou para ser pintor de ícones e a influência da arte bizantina é perceptível em seu trabalho.

Nenhum comentário: