sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Os invisíveis na Bienal do Livro

Amanhã, sexta-feira, às 18 horas, no Círculo das Ideias (Bienal do Livro de Pernambuco), o escritor Luiz Ruffato conversa comigo sobre um tema bem instigante: "Os Invisíveis – A Prosa Proletária na Literatura Brasileira". Não se trata de panfletarismo, mas da constatação de que a arraia miúda (operários, trabalhadores urbanos, pequenos funcionários, biscateiros, manicures, motobóis etc etc) são não apenas socialmente invisíveis (como diria Bandeira, gente que não deixa o nome numa lápide), mas também literariamente. E eu me pergunto: que literatura é esta indiferente à maioria esmagadora de nossa gente? Onde estão nossos Charles Dickens, nossos Balzac, nossos Dostoiévski, nossos Zola? Eles existem, claro, de Lima Barreto a Gilvan Lemos, passando por Pagu, Dyonélio Machado, Roniwalter Jatobá e mais outros, mas são poucos. Entre eles, o próprio Ruffato – um dos escritores contemporâneos que mais admiro, não apenas pela qualidade estética de sua obra (de linguagem inovadora e experimental), mas por dar voz aos anônimos e invisíveis. Ruffato consegue uma bela simbiose forma-conteúdo, ao mesmo tempo em que nos comove com o grande painel que sua literatura faz da gente comum, sem paternalismos, demagogias ou concessões. A vida, como ela é, pulsa na obra de Ruffato e isso não é pouca coisa.

A obra de Ruffato compõe-se das coletâneas de contos Histórias de Remorsos e Rancores (1998) e Os Sobreviventes (2000), e dos romances Eles Eram Muito Cavalos (2001), ganhador dos prêmios APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte e Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional e editado na Itália, França e Portugal; e da série O Inferno Provisório (verdadeira saga nacional), com os títulos Mamma, Son Tanto Felice, O Mundo Inimigo , Vista Parcial da Noite e O livro das Impossibilidades, a ser concluída este ano com o último título, além do delicioso Estive em Lisboa e Lembrei de Você (2009), da coleção Amores Expressos da Companhia das Letras.

Então, quem gosta de boa literatura e professa que tudo que é humano lhe interessa sinta-se convidado.

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