sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Rir ajuda a enfrentar a dor, diz estudo

Compartilhar uma sonora gargalhada com amigos pode ajudar a amenizar a dor, graças a uma série de substâncias químicas similares aos opiáceos que invadem o cérebro quando se dá uma risada, revelou um estudo britânico publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B, da Academia de Ciências da Grã-Bretanha.

Nos experimentos feitos em laboratórios, os voluntários assistiam ora a clipes de comédia das séries Mr. Bean ou Friends, ora a trechos de programas não humorísticos, como uma partida de golfe ou programas sobre a vida selvagem. Enquanto isso, a resistência à dor dos participantes era monitorada pelos cientistas britânicos.

Em outro teste, realizado no Festival Fringe, de Edimburgo — evento anual que inclui apresentações de comédia, dança, teatro e música —, voluntários assistiram alternadamente a um número de comédia stand-up e a um drama teatral. Em condições de laboratório, a dor foi provocada por gelo em contato com o braço dos voluntários e por um medidor de pressão que comprimiu o punho até o limite do suportável.


No Festival Fringe, pediu-se aos voluntários que se inclinassem contra um muro com as pernas em ângulo reto, como se fossem se sentar em uma cadeira de encosto reto, antes e imediatamente depois do show para ver se o riso havia ajudado a reduzir a dor. De acordo com o estudo, apenas 15 minutos de risadas aumentaram o nível de tolerância à dor em cerca de 10%.

Nas experiências laboratoriais, a programação não humorística na televisão não demonstrou ter qualquer efeito de aliviar a dor, mesmo resultado (ou falta de) obtido ao se assistir a uma peça dramática no festival em Edimburgo.

O que funciona O estudo demonstrou, no entanto, duas importantes distinções. O único riso que funcionou foi aquele relaxado, não forçado, que faz os olhos apertarem, ao contrário do riso nervoso ou polido. Esse tipo de riso é muito mais provável de acontecer quando se está na companhia de outras pessoas do que sozinho. “Poucas pesquisas têm sido feitas sobre por que rimos e qual o papel do riso na sociedade”, afirmou o diretor do Instituto de Antropologia Social e Cultural da Universidade de Oxford, Robin Dunbar. “Usando microfones, conseguimos gravar cada um dos participantes e descobrimos que em um show cômico eles riram por cerca de um terço do tempo e sua tolerância à dor aumentou como consequência”, acrescentou.

Essa proteção derivou-se, aparentemente, da endorfina, uma substância química complexa que ajuda a transmitir mensagens entre os neurônios, mas também atenua os sinais de dor física e estresse psicológico. As endorfinas são um produto famoso dos exercícios físicos. Elas ajudam a gerar o bem-estar que se segue à prática de atividades como corrida, natação, remo, ioga etc.

No caso do riso, os cientistas acreditam que a liberação da substância ocorra devido a um esforço muscular repetido e involuntário que se dá quando a expiração não é seguida da tomada de fôlego. Exalar deixa as pessoas exaustas e, consequentemente, leva à liberação das endorfinas.

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