segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As Meninas, de Velázquez

Obra-prima do pintor Velázquez provoca admiração e dúvidas mais de 350 anos depois, de Sérgio Miranda



Diego Velázquez tinha acabado de fazer 57 anos quando, em 1656, deu por concluída mais uma encomenda dos reis da Espanha. Principal artista da corte de Filipe IV, Velázquez ficou satisfeito com As Meninas, tela que se tornaria sua obra-prima. Exposto no Museu do Prado, em Madri, o quadro, de 3,18m por 2,76m, foi chamado assim porque "menina" era um jeito de se referir às aias, damas de companhia da família real. Na tela, Margarida Teresa, de 5 anos, filha de Filipe IV, aparece entre duas delas. Além das três, outras oito personagens estão representados. E a aura de mistério do quadro envolve as explicações sobre quem são essas pessoas, a disposição de todos na cena e a presença do próprio pintor na tela. Mas, afinal, o que Velázquez está pintando?

Duas teorias principais respondem a essa pergunta. A mais difundida delas defende que Velázquez está retratando os reis, que estariam no mesmo lugar do observador do quadro e aparecem refletidos em um espelho ao fundo. Os demais estariam no mesmo lugar do observador do quadro e aparecem refletidos em um espelho ao fundo. Os demais estariam ali entretendo os dois. Outros dizem que ele está pintando a pequena infanta. Mas como isso seria possível se o artista está atrás dela? A explicação estaria em outro espelho, posicionado na frente de todos e que teria permitido ao pintor ver o reflexo das meninas e o seu próprio. O casal real estaria ali para assistir à filha. Independentemente de qual teoria vale, uma coisa é certa: a obra entrou para a história como um elogio à arte do retrato e ao papel do artista.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mais de 70% do desmatamento amazônico vira lixo

De cada dez árvores derrubadas na região amazônica, sete vão para a lata do lixo



Nada de móveis, portas ou cabos de vassouras. De acordo com estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), de cada 10 árvores derrubadas na área, sete são, simplesmente, descartadas como resíduos. Ou seja, a grande maioria é jogada na lata de lixo.

O principal problema é o processamento da madeira. Feito praticamente de forma artesanal e com baixa tecnologia, apenas 30% das toras é aproveitado. Essa fatia representa a parte mais nobre da árvore para os devastadores.

O resto, na forma de serragem e de sobras, é descartado. A desorganização dessa exploração afeta, principalmente, as comunidades ribeirinhas. Afinal, alguns núcleos de exploração incrustados na floresta sobrevivem do processamento de madeira.

Nessas comunidades, todo resíduo é despejado nos rios. Segundo a engenheira agrônoma do INPA, Rosana Costa, na água, a serragem pode fermentar e soltar os produtos químicos que foram passados nos troncos. “Isso causa a morte do rio, como aconteceu no rio Trairão”, alertou.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A caça as bruxas continua, por Rafaela Galindo.


As Igrejas, Caótica e Evangélica, se aproveitam do segundo turno das eleições para pregar uma falsa moralidade em defesa dos que muitos asseveram ser o “direito à vida”. Nos últimos dias, temos acompanhado o embate entre o PT e as instituições religiosas, numa atitude fascista, clerocrata e antidemocrática onde as Igrejas pressionam os partidos que se declaram a favor do casamento gay e do aborto.

Na última quarta-feira, durante visita ao Centro Integrado de Reabilitação de Teresina, a presidenciável Dilma Rousseff (PT) afirmou que se comprometerá em estudar/divulgar uma carta dizendo que não irá mexer na legislação sobre o aborto e o casamento entre homossexuais. Isso já era evidente! Num país cheio de oligarquias, onde a vontade das batinas pedófilas e dos crédulos lunáticos é soberana, não há espaço para debater questões como essas julgadas pagãs pela sociedade.

Pouco antes disso, em 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinou uma Concordata com a Santa Sé, onde uma das cláusulas se dirigia a questão da proibição do aborto, da adoção de crianças por casais homossexuais e do casamento gay. Todas as vezes que algum revolucionário agnóstico, ateu revoltado ou pastor luterano tentou viabilizar, pelo menos, o debate no País, veio o cinismo da mídia sacristã e a soberania da Igreja para brochar e acabar com alguma possibilidade de respeito aos direitos humanos.

No final do ano passado, o 3° Programa Nacional de Direitos Humanos, apresentado pelo governo, foi ceifado. Tudo para acalantar o ego das lideranças católicas e evangélicas que hoje, por coincidência, integram a maior bancada no Congresso Nacional. É uma espécie de troca de favores: eu calo a boca e você me dá os votos (as cabeças). “Vale tudo em nome do Senhor”. Num País que ainda sofre as conseqüências da catequização dos índios, a Igreja e a mídia se sentem a vontade para orquestrar nas questões relacionadas à liberdade individual. Em favor da manutenção do poder, temos a nossa liberdade limitada. Fim à liberdade!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vem aí a Segunda Edição da Festa dos Caranguejos Antenados

Com novidades, projeto inovador trás Mamelungos, A Praça, 3 Xícaras, Cosmo Grão e Smoke Signal e torna obrigatório a entrega de donativos



Cerveja gelada, música de qualidade, curtição e responsabilidade social. A segunda edição da festa dos Caranguejos Antenados, no dia 6 de novembro (sábado), das 12h às 22h, na sede do Partido Social Cristão (PSC), na Avenida Mário Melo, no mesmo local da primeira edição, chega para consolidar de vez este projeto inovador que agrega a cultura alternativa das artes com o apoio a entidades filantrópicas.

Com o grande prazer de mais uma vez celebrar a união dos amigos através da música e de participar, efetivamente, na ajuda a quem necessita, a festa dos Caranguejos Antenados trás algumas novidades na segunda edição. Desta vez, cinco bandas de prestígio da capital pernambucana, uma a mais do que a Edição Eros, além do som multicultural e contagiante do DJ Caranguejo Antenado, irão animar o público conceituado do evento.

Além de A Praça (EXPERIMENTAL) e 3 Xícaras (EXPERIMENTAL), participantes da Edição Eros, as bandas Mamelungos (EXPERIMENTAL), Smoke Signal (REGGAE) e Cosmo Grão (THE DOORS/LED ZEPPELIN), além do DJ residente tocando obras primas do jazz, blues, rock, mento, calypso, rocksteady, ska, reggae, surf music, instrumental, samba, bossa nova e música brasileira, prometem confirmar a festa dos Caranguejos Antenados como o novo movimento social alternativo do Recife.

A segunda novidade priorizou a atitude social e humana, através da obrigatoriedade da entrega do quilo de alimento não-perecível ou roupa que não esteja sendo usada na portaria do local do evento. O grande objetivo dos Caranguejos Antenados é fortalecer o movimento musical na região com idéias e atitudes sociais inclusivas, beneficiando assim todas as partes da sociedade. Além do Núcleo de Apoio a Criança com Câncer (NACC), desta vez os donativos serão entregues também as vítimas das enchentes de Pernambuco.

Toda estrutura será garantida para melhor conforto do público. Além de confortável e arejado, o espaço conta com banheiros masculino e feminino higienizados, espaço para descanso (chill-out) com mesas, cadeiras e esteiras e ampla oferta de alimentação, com sanduíche saboroso e suculento de strogonoff de salsicha, brotinho de pizza, vitamina de açaí inigualável e torta fina de chocolate preparada por Tia Cristina da Torta da Hora.

Lembrando que todos os participantes da Caranguejos Antenados – 2ª edição participam dos vários brindes da grife Maria Ferreira. Os convites estão custando R$20 até o dia 25 de outubro. De 26 de outubro à véspera da festa, no dia 5 de novembro, os convites custarão R$25. No dia ou no local da festa, serão oferecidos na portaria pelo preço de R$30.

Os convites podem ser adquiridos com os idealizadores da iniciativa:

Caio e Rafaela: 9401.4229
Felipe Bispo: 9820.5364
Carol: 8816.0443
Rip: 8566.1007

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Receita de Suco de Açaí da Nana para começar o dia bem!


Ingredientes:

1 Polpa de Açaí da Marca Rajá
100ml Água
100ml Leite
50ml Charope de Guaraná
1 Banana Pequena
1 Colher Rasa de Farelo de Aveia
1 Colher Rasa de Mel Karo

Modo de Preparo:

Misture tudo e deixe por 1 minuto e meio no liquidificador.

Boa degustação.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Seja Marginal, Seja Herói, de Hélio Oiticica

Metade das cidades brasileiras usa lixão a céu aberto; porcentagem era de 70% em 1989, da Folha.com


Metade dos municípios brasileiros ainda usam lixões a céu aberto como destinos para resíduos sólidos, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, divulgada nesta sexta-feira (20.08.2010) pelo IBGE.

De acordo com o levantamento, 22% dos municípios destinam o lixo a aterros controlados e 27,7%, a aterros sanitários.

O IBGE afirma que o quadro exige soluções urgentes, mas destaca que o número de domicílios que usam os lixões caiu nos últimos 20 anos. Em 1989, 80% dos locais armazenavam resíduos sólidos a céu aberto; em 2000, ano em que o IBGE realizou a pesquisa anterior, eram 72,3%

Em alguns locais, porém, a situação é bastante grave. Paiuí, Maranhão e Alagoas destinam mais de 95% dos resíduos aos lixões.

Santa Catarina foi o Estado com os melhores resultados na coleta. Lá, 87,2% do lixo é destinado a aterros sanitários controlados.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico levantou informações sobre todos os municípios brasileiros. Os pesquisadores do IBGE foram a campo no segundo semestre de 2008.

Cerca de 45% dos domicílios brasileiros tem acesso a esgoto, diz IBGE, da Folha.com


O número de domicílios com acesso à rede de esgoto no país passou de 33,5% em 2000 para 45,7% em 2008, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar da melhora, 45% dos municípios brasileiros não tem estrutura para coletar os dejetos. Em 2000, ano em que o instituto de pesquisa fez o levantamento anterior, eram 48%.

Proporcionalmente, o Norte é a região mais deficitária - 13,4% dos municípios tem rede de esgoto. O Sul, porém, tem o maior número de municípios sem o serviço. Segundo o IBGE, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul têm diversos municípios pequenos, em que as famílias se concentram na zona rural e fazem a coleta de esgoto por meio de fossas sépticas.

Em São Paulo, só um município não tinha rede de esgoto em 2008: Itapura. A cidade tem cerca de 4 mil habitantes e fica quase na fronteira com o Mato Grosso do Sul.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico levantou informações sobre todos os municípios brasileiros. Os pesquisadores do IBGE foram a campo no segundo semestre de 2008.

TRATAMENTO DE ESGOTO

O tratamento do esgoto coletado é feito em 28,5% dos municípios brasileiros. No Sudeste, porém, 485 dos municípios fazem tratamento. No Estado de São Paulo, o percentual é de 78,4%.

Houve significativa melhora do tratamento de esgoto no país nesta década. O percentual do esgoto coletado que é tratado passou de 35,3% em 2000 para 68,8% em 2008.

"O resultado sugere que os municípios com tratamento de esgoto concentravam uma parcela significativa do esgoto coletado no país", segundo nota divulgada pelo IBGE.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Variedade dos efeitos do amor, soneto de Bocage

Nascemos para amar; a humanidade
Vai tarde ou cedo aos laços da ternura:
Tu és doce atractivo, ó formosura,
Que encanta, que seduz, que persuade:

Enleia-se por gosto a liberdade;
E depois que a paixão na alma se apura,
Alguns então lhe chamam desventura,
Chamam-lhe alguns então felicidade:

Qual se abisma nas lôbregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
Com esperanças mil na ideia acesas:

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre:
E, segundo as diversas naturezas,
Um porfia, este esquece, aquele morre.

Cronos devorando seus filhos, de Goya

Maldita seja a pornopolítica!, de Arnaldo Jabor

Em época de eleição vamos realizar a oração contra os políticos corruptos que saqueiam, diariamente, a nação.


Malditos sejais, ó mentirosos, negadores, defraudadores, trampistas, intrujões, songasmongas, chupistas, tartufos, sicofantas, embusteiros e vigaristas, que a peste negra vos cubra de escaras pútridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente, que vossas patranhas, marandubas, fraudes, carapetas, lérias e aldravices se tranformem em cobrar peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, que entrem por vossos rabos, cus, rabiotes e fundilhos e lá depositem venenosos ovos que vos depauperem em diarréias torrenciais e devastadoras. Que vossas línguas se atrofiem em asquerosos sapos e bichos pustulentos que vos impedirão de beijar vossas amantes, prostitutas, barregãs e micheteiras, que vos recebem nos lupanares de Brasília, nos prostíbulos mentais onde viveis, refocilando-se nas delícias da roubalheira.

Malditos sejais, ladõres, gatunos, pichelingues, unhantes, ratoneiros, trabuqueiros dos dinheiros públicos, dos quais agadanhais, expropriais cerca de 20% de todos os orçamentos, deixando viadutos no ar, pontes no nada, esgotos a céu aberto e crianças mortas de fome, mortas de tudo, enquanto trombeteais programas populistas inócuos.

Que a maldição de todas as pragas do Egito e do Deuteronômio vos impeça de comer os frutos de vossas fazendas escravistas, que não possais degustar o pão de vossos fornos nem o milho de vossos campos, e que vossas amantes rancorosas vos traiam e vos contaminem com as mais escabrosas doenças e repugnantes feridas!

Malditos sejais, carecas sinistros, valérios sem valor, homúnculos dedicados a se infiltrar nas brechas, nas breubas do Estado, para malversar, rapinar, larapiar desde pequenas gorjetas como a do Marinho, naquele gesto eternizado na TV, até grandes negociarrões com empresas fantasmas em terrenos baldios!

Malditas sejam as caras-de-pau dos ladravazes, com seus ascorosos sorrisos frios, imunda honradez ostentada, tranquilo cinismo, baseado na crapulosa legislação que os protege há quatro séculos sem, por compradiços juízes, legisperitos fariseus que vendilham sentenças por interesses políticos, ocultados por intrincados circunlóquios jurídicos, solenes lero-leros para compadrios e favores aos poderosos; que vossas togas se transformem em abutres famintos que vos devorem o fígado, acelerando vossas mortes que virão pelo tédio e por vossa ridícula sisudez esclerosada com que justificais repulsivas liminares e chicanas, que liberam vagabundos ricos e apodrecem pobres pretos na boca-do-boi de nossas prisões!

Malditos sejais, falsos revolucionários, medíocres carbonários agarrados em utopias velhas de um século, ignorantes que disfarçam a própria estupidez em ideologia, para os fins mais asnáticos, por meio estapafúrdios; malditos sejam os 40 mil canalhas infiltrados pelos bolchevistas-dirceuzistas-genoínicos na máquina pública, emperrando-a e sugando migalhas dos Estado com voracidade e gula! Tomara que sejais devorados pelos carunchos que rastejam nos arquivos empoeirados da burocracia que impede o país de andar! Que a poeira dos arquivos mortos vos sufoque e envenene como o trigo roxo dos ratos!

Malditas sejam também as "consciências virginais", as mentes "puras" que se escandalizam com os horrores, mas nada fazem; malditos os alienados e covardes, malditos os limpos, os não-culpados, os indiferentes, que se acham superiores aos que sofrem e pecam; malditos intelectuais silenciosos que ficam agarrados em seus dogmas e que preparam a espúria reeleição dessa gente e a chegada posterior dos populistas e falsos evangélicos mais sórdidos do país!

Malditos sejam também os governistas que ousam negar o "mensalão", malditos sejam os técnicos despudorados que ostentam uma "seriedade" lógica e contábil nos fundos-de-pensão e em estatais, de onde jorrou o grosso do dinheiro do valerioduto! Malditas sejam as metáforas que escorrem dos bolsos de Lula como pequenas lesmas, gordas sanguessugas, carrapatos infectos. Que essas metáforas lhe carcomam o corpo e que seus bonés, barretes, toucas e gorros de Papai Noel demagógico lhe atazanem o crânio até ele confessar que sabia de tudo, sim! Que sua cara denuncie tudo que ele é, desde a vermelhidão crescente de suas bochechas até as sobrancelhas de diabo que traem o sorriso populista para enganar os mais pobres!

Malditos anjos da cara suja, malditos olhinhos vorazes, malditos espertos fugitivos da cassação; anematizados e desgraçados sejam os que levam os dólares na cueca e, mais que eles, os que levam dólares às Bahamas, malditos os que usam o "amor do povo" para justificar suas ambições fracassadas, malditos severinos que rondam ainda, malditos waldomiros e waldemares que rondam ainda, malditos dirceus, arroz-de-festa de intelectuais mal-informados, malditos sejam, pois neles há o desejo de fazer regredir o Brasil para o velho Atraso pustulento, em nome de suas doenças mentais infantis!

Se eles prevalecerem, voltará o dragão da Inflação, com sete cabeças e dez chifres e sete coroas em cada cabeça, e a prostituta do Atraso virá montada nele, berrando todas as blasfêmias, vestida de vermelho, segurando uma taça cheia de abominações e de suas fornicações, e ela, a besta do Atraso, estará bêbada com o sangue dos pobres e em sua testa estará escrito: Mãe de todas as meretrizes e Mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país.

Só nos resta isso: maldizer.

Portanto: que a peste negra vos devorem a alma, políticos canalhas, que vossos cabelos com brilhantina vos cubram de uma gosma repulsiva, que vossas gravatas bregas vos enforquem, que os arcanjos vos exterminem para sempre!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Grito, de Munch

Passeio pelo Recife do tempo de Nabuco, de Eugênia Bezerra

Museu do Estado de Pernambuco abriu ontem exposição comemorativa ao centenário de morte do abolicionista que tem como pano de fundo a capital na época de sua atuação política.



Com material iconográfico, textos e objetos do século 19, a mostra O Recife de Joaquim Nabuco apresenta um recorte da vida do diplomata e abolicionista pernambucano, no centenário de sua morte. A exposição foi inaugurada ontem, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe).

"Nabuco teve uma relação muito próxima e amorosa com a cidade. Grandes momentos da vida dele foram aqui: a infância, a formação e quando começou a militar na causa do abolicionismo", diz a curadora Helena Severo, que atuou em outra mostra este ano, no então Instituto Culural Banco Real (hoje Santander Cultural)."Joaquim Nabuco: brasileiro, cidadão do mundo" trouxe ao Recife o documento da Lei Áurea, entre outros objetos. "São abordagens distintas. Aquela tratava a história da vida dele de maneira cronológica; já esta tem o viés da cidade como pano de fundo da atuação pública dele", informou a curadora.

Para construir esta representação, foram extraídos fragmentos da obra de Nabuco em que ele se refere ao Recife. Os textos são acompanhados das gravuras integrantes do acervo do Mepe e fotografias do acervo da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). As imagens revelam personagens e paisagens da época. O visitante poderá observar cenas cotidianas e até construções inexistentes. "A Ânsia de modernização urbana e a sanha reformadora que inaugurou o século 20 fizeram vir abaixo o Arco da Conceição e o Arco de Santo Antônio, eliminando o que se considerava obstáculo ao progresso, mas que eram também lugares de memória e de vivência de práticas coletivas", destaca Nabuco em um dos textos.



A mostra está organizada em quatro módulos no térreo do casarão onde viveu Augusto Frederico, filho do Barão de Beberibe. Nos três primeiros estão representadas a infância e a formação acadêmica, a campanha abolicionista e "a cidade nostálgica de sua maturidade". Em seguida, caminha-se em direção a uma área que remete a uma casa pernambucana. O público encontrará objetos que fazem parte do acervo do museue. Os móveis foram restaurados pela Sociedade Amigos do Mepe.

"A exposição está montada como se Nabuco estivesse nos convidando a ver o Recife que conheceu e modificou", resume o chefe de projetos especiais da Fundaj, Humberto França. De acordo com a diretora do Mepe, Margot Monteiro, ela mostra a importância da consciência sobre o valor do nosso patrimônio. Outro evento celebra a história do abolicionista. Quinta e sexta, na Fundaj, acontece o Seminário Joaquim Nabuco e a nossa formação. Participam, entre outros conferencistas, os senadores Cristovam Buarque e Marco Maciel e o representante do Itamaraty, Alberto da Costa e Silva.

O RECIFE DE JOAQUIM NABUCO - ATÉ 17.10
LOCAL: MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO (MEPE)
VISITAÇÃO: DE TERÇA A SEXTA-FEIRA, DAS 9H ÀS 17H,
SÁBADOS E DOMINGOS, DAS 14H ÀS 17H.
ENDEREÇO: AVENIDA RUI BARBOSA, 960, GRAÇAS.
FONE: 3184.3070

Eugênia Bezerra: ebezerra@jc.com.br

O futebol como mito fundador do Brasil, do Jornal do Commercio



O psicanalista David Neto, lançou ontem (17.08.2010), na Livraria Jaqueira, o livro "O futebol como linguagem". A obra estuda os fenômenos futebolísticos - desde os seus fundamentos (como o drible, por exemplo), passando pelos jogadores e os costumes dos que vivem em seu entorno, alimentando tanto o esporte como a torcida.

Para desenvolver seu pensamento a respeito do mais popular esporte brasileiro, o autor vai buscar na mitologia, principalmente a grega, e na psicanálise, os elementos que dão suporte a análises e interpretações luminosas sobre o universo recriador do futebol em todas as suas nuances. Não apenas o esporte, mas a grandeza de um espetáculo que carrega consigo práticas imemoriais, que remonta a cultos da antiguidade, enaltecendo o atleta em seu caráter mítico e heroico. O futebol, enfim, como motor de tantas paixões. O volume está dividido em 17 breves capítulos, muito enriquecedores sobre a arte do futebol, de leitura fácil e prazerosa.

Mimo harmoniza erudito, jazz e a música popular, por Diogo Guedes

Programação mescla nomes como o do pianista McCoy Tyner, um clássico do jazz, ao pop de Tom Zé e da banda Selmer #607



Consolidada como um festival de excelência no Brasil, a Mostra Internacional de Música em Olinda (Mimo) já está com a programação definitiva. Com 39 concertos, o evento acontece de 2 a 7 de setembro em 18 locais de Olinda, Recife e João Pessoa, com entrada gratuita para todas as suas atividades. Os destaques desta sétima edição são a homenagem ao compositor Wagner Tiso, a vinda do pianista McCoy Tyner e do guitarrista Mike Stern, ambos norte-americanos, além da criação do Festival Mimo de Cinema.

Diogo Guedes: dgduarte@jc.com.br

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cientistas desenvolvem plástico capaz de se autodestruir, da New Scientist

Descoberta pode facilitar sua reciclagem e degradação no meio ambiente




Cientistas nos Estados Unidos desenvolveram um plástico capaz de se autodestruir, o que poderia facilitar sua reciclagem e degradação no meio ambiente. Plásticos (polímeros) são formados pela união de compostos químicos idênticos (monômeros).

Scott Phillips e Wanji Seo, da Universidade Estadual da Pensilvânia, trabalharam com polímeros de ftalaldeído, com a adição de um de dois “gatilhos” químicos (éter de silil ou éter de alil) para cada molécula de ftalaldeído que compõe o polímero.

Quando um pedaço do plástico foi exposto a íons fluoreto (de flúor) em temperatura ambiente, sua parte central, onde as moléculas estavam cobertas com éter de silil, sofreram rápida despolimerização e quebraram. As partes cobertas com éter de alil permaneceram sem alterações.

A técnica poderia ser modificada para o desenvolvimento de produtos plásticos que se degradam rapidamente quando expostos a “gatilhos” no ambiente. “Se uma sacola feita de um determinado plástico chega ao oceano, por exemplo, enzimas de micro-organismos na água poderiam fazer o material despolimerizar-se e desaparecer”, diz Phillips.

Ainda de acordo com Phillips, o uso de polímeros com “gatilhos” também tem a vantagem de fornecer um método barato de reciclagem de lixo plástico. “Isso porque os monômeros resultantes da quebra dos polímeros poderiam ser repolimerizados para criar novos plásticos, num processo, provavelmente, mais barato do que separar diferentes polímeros (plásticos) antes de começar a reciclagem”, opinou.

Até o momento, a equipe desenvolveu polímeros com “gatilhos” que reagem com íons fluoreto, paládio e peróxido de hidrogênio. Os cientistas também esperam desenvolver polímeros que respondem a enzimas. A equipe, porém, adverte que o resultado da pesquisa é apenas uma prova de conceito. Ainda é preciso encontrar polímeros que se quebram em substâncias mais ambientalmente corretas que ftalaldeído.

Outro problema é que os polímeros usados até agora são sensíveis a acidez; eles precisam ser mais estáveis para serem utilizáveis. O estudo foi publicado na revista “Journal of the American Chemical Society”.

domingo, 27 de junho de 2010

Fenda pode separar a África em duas, dizem pesquisadores, da BBC de Londres.

Mudanças geológicas na região de Afar, no nordeste africano, transformará parte da Etiópia e da Somália em uma grande ilha no Oceano Índico.



Segundo um grupo de cientistas britânicos que vêm monitorando mudanças geológicas na região de Afar, na Etiópia, o continente africano poderá ser dividido ao meio pelo aparecimento de um novo oceano em dez milhões de anos. “Uma fenda de 60 quilômetros de comprimento se abriu na região em 2005 e vem crescendo desde então”, descreveram os cientistas durante uma conferência da Royal Society, de Londres.

De acordo com o sismólogo e um dos coordenadores do estudo, James Hammond, da Universidade de Bristol, “um monitoramento num período de apenas dez dias verificou a expansão da fenda em oito metros”. Os pesquisadores afirmam que o processo acabará dividindo a África em dois, com parte da Etiópia e da Somália transformando-se em uma grande ilha no Oceano Índico.

A fenda começou a aparecer em 2005, após a erupção do vulcão Dabbahu, na região de Afar. O local, apesar de ainda não ter água, está localizado abaixo do nível do mar. Segundo os sismólogos, estamos presenciando um processo com ocorrência, normalmente, debaixo dos oceanos. “Partes de Afar estão abaixo do nível do mar e o oceano está separado por apenas uma faixa de 20 metros de terra do território da Eritréia”, afirmou Hammond.

“Então essa terra cederá eventualmente, o mar entrará e começara a criar esse novo oceano”, concluiu o cientista. Segundo ele, com o tempo esse oceano crescerá até separar de vez a região conhecida como “Chifre da África” do restante do continente, criando assim “uma África menor e uma ilha muito grande no Oceano Índico.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fanatismo religioso no imaginário medieval é explorado por Bergman, por Caio Rodrigues

Filmado em 1959, produção ganhou inúmeros prêmios e consagrou definitivamente o diretor sueco no cenário mundial.



Vencedor do Oscar e do Globo de Ouro por Melhor Filme Estrangeiro, além de receber a Menção Especial do Festival de Cannes, A Fonte da Donzela (Jungfrukällan, 1959), com Max Von Sydow, Birgitta Valberg e Gunnel Lindblom, é uma produção cinematográfica fascinante do mestre sueco Ingmar Bergman, no qual ele volta a explorar o imaginário medieval de O Sétimo Selo.

A história se passa na Suécia do século XIV, num país dividido, assim como toda a Europa, entre o cristianismo e o paganismo. Em uma época marcada pela intransigência e brutalidade da Igreja contra qualquer outro modo de vida, um casal de cristãos fervorosos deseja cumprir a obrigação de levar um ente puro da família para levar velas até a igreja do vilarejo, assim como diz o regulamento dogmático.

No caminho, a jovem é estuprada e assassinada por dois pastores e, sem saber, acabam indo à casa dos pais da moça pedir comida e abrigo. Com um desfecho avassalador, onde a fé dá lugar à culpa, que cede passagem ao pecado até dá origem a redenção, Bergman nos brinda com uma análise crítica da situação daqueles que acreditam e vivem por Deus.

Com roteiro de Ulla Usaksson, baseado na balada medieval A Filha de Tore (Tores Dotter/Vänge), e belíssima fotografia do genial Sven Nkvist, o filme é predominado pelo jogo de sombras e luzes em cenas deslumbrantes, que nos remetem a passagens da bíblia, como a da família reunida na mesa para cear (a última ceia de Jesus Cristo). Obra-prima indiscutível do inigualável Ingmar Bergman.



Caio Rodrigues: caiorodriguesjornalista@hotmail.com

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Quem não chora, não mama. Por Rafaela Galindo

Acompanhei com fervor a campanha dos fichas-limpas no Congresso Nacional. No entanto, fiquei perplexa, pois durante o trâmite, o projeto de lei sofreu inúmeras alterações, e mesmo conseguindo a aprovação sofrida na Câmara dos Deputados, no Senado (e agora com a sanção do presidente Lula), a medida corre sério risco de cair no jogo político brasileiro, que, costumamente abarca os politiqueiros no ventre da corrupção e das falcatruas.

Tudo começou, quando Michel Temer (PMDB), aspirante à vice na campanha da presidenciável Dilma Rousseff (PT), criou uma emenda permitindo o candidato “ficha-suja” entrar com recurso e recorrer, mesmo condenado. De acordo com Temer, essa mudança evita que aja “perseguição política”. Cof cof! Já a segunda alteração, apoiada pelo vice de Dilma, estabelece que o registro só será negado, caso haja alguma ação, em primeira ou segunda instância, imposta por um colegiado e não por um único juiz.

Cá pra nós, mas tudo isso não passa de balela! Mais uma das jogatinas políticas, que insiste em depender das ações morosas do sistema judiciário brasileiro, escondendo tudo na fortaleza da mentira e da miséria moral. Como se não bastasse, outra emenda foi apresentada pelo senador Francisco Dornelles (PP/RJ), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a medida deixava claro que somente quem for condenado depois da sanção da nova lei é que será impedido de se candidatar.

A emenda criada por Dornelles pode ter o efeito de não apenas livrar os já condenados em segunda instância, como também empurrar a vigência do projeto para as próximas eleições. E mais do que isso, jogar a decisão para a última palavra do Supremo Tribunal Federal (STF). O esperto Dornelles conseguiu criar um “gatilho” que pode acabar por inviabilizá-la, pelo menos para as eleições deste ano, assim, conseguiu também fazer com que políticos, como o deputado Paulo Maluf- fundador e membro do Partido Progressista- possam se candidatar e passar incólumes pelas eleições de 2010. Até agora, o tiro parece ter saído pela culatra.

O mais engraçado é que tanto Michel Temer, como Francisco Dornelles são postulantes ao cargo de vice dos presidenciáveis Dilma e Serra respectivamente- Dornelles está sendo cogitado. Agora me responda caríssimos leitores e eleitores, como poderemos votar em pessoas que se articularam- com todas as artimanhas possíveis- para mudar o texto popular? Essas medidas só fazem materializar a idéia de que, o Congresso é formado por esse inconho corporativista, cheio de alianças políticas PMDB com PSDB ou com PT, ora, tanto faz!

O negócio é mamar. O negócio é ato secreto, castelo, farra de passagens aéreas, mensalão, caixa 2, propina, empreiteiro, doleiro, lobista, lo-la-lulismo. AAAAH! Nós somos uns sonhadores idiotas, isso sim. O projeto não foi aprovado em sua estrutura máxima, porque já condenava, de antemão, 208 deputados, além de 29, dos 81 senadores- incluindo o presidente bigodudo. Não, não gente! Talvez, nós brasileiros, estejamos precisando é de uma boa dose de crise. Sim, sim! Pois, só diante do fracasso é que sentimos o peso da nossa miséria maior. Falo isso porque, não será um projeto (por mais eficiente que seja) que irá mudar 500 anos de corrupção.

A raiz do problema está nas oligarquias que habitam os extremos do País, nas alianças anti-democráticas e na constituição leviana. Talvez, se mudarmos o foco do debate, a começar por discutir uma ampla reforma política, possamos ver o País tomar outro rumo sociopolítico. No mais, se continuarmos assim, estaremos sempre a mercê das decisões tomadas lá, lá, lá onde tudo e NADA acontece, no outro País, chamado Congresso Nacional.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Vem aí a festa dos Caranguejos Antenados!


A primeira edição da Festa dos Caranguejos Antenados já tem data e hora marcadas. No dia 12 do mês de junho (sábado), na data dos namorados, A Praça, Caapora, Homem do Mato e 3 Xícaras, vão contagiar o público “antenado” na Edição Eros. O evento será realizado na sede do Partido Social Cristão (PSC), nº 1206, localizado na Avenida Mário Melo, ao lado do Supermercado RM Express e de frente ao Hospital Oswaldo Cruz e do Restaurante Yô-Yô, das 10h às 22h.

Na ocasião, o público poderá conferir o repertório instigante da Estação Caranguejo Antenado, composta de obras clássicas do jazz, blues, jazz performers, instrumental, big bands, bossa nova, MPB, samba de raiz, rock, rock steady, reggae, ska, surf music, experimental, regional e novas tendências.

Os ingressos custam R$ 20 mais um quilo de alimento não-perecível e podem ser adquiridos através dos telefones 8816.0443 (Carol) ou 8870.3480 (Neto). O evento disponibilizará 50 grades de cerveja (estupidamente gelada), além de contar com bar e praça da alimentação. Todo o espaço receberá decoração estilizada e o evento será registrado através de fotos e vídeos.

No dia do evento, a organização lembra que é de vital importância a entrega do quilo de alimento não-perecível na portaria do espaço, pois a assistência social para quem necessita é a atitude mais positiva desta celebração. Toda doação será destinada a entidade filantrópica ainda a ser definida.

Curta A minha alma é irmã de Deus, por Rafaela Torres Galindo.



Baseado no romance homônimo de Raimundo Carrero, o curta-metragem A Minha Alma é Irmã de Deus, com direção de Luci Alcântara, conta a história da jovem e solitária Camila (Luísa Lobo) que, após assistir a um culto religioso da seita dos “Soldados da Pátria por Cristo”, cria o desejo obsessivo de tornar-se santa. O filme é, antes de tudo, uma crítica à religiosidade, uma vez que, a protagonista obcecada pelo seu desejo beira à própria loucura. Além da não-apreciação religiosa, o filme satiriza com o conceito de desejo, mostrando-o decadente, reverberando o poder que ele tem de deteriorar enigmaticamente a sociedade, pelo desassossego político e social.

Essas características se mostram claramente na primeira cena, quando Camila pede ao mecânico Ary (Roger de Renor) que seja “estuprada”, ensaiando uma espécie de competição sexual com a namorada do mecânico, Paloma (Laís Vieira). Numa obra carregada de dramaticidade e poesia, a história trata também da multiplicidade personalística vivida por Camila, que quando quer ser “de luxo e luxúria é Ísis, quando que ser meiga e santa é Mariana e quando quer ser prostituta é Raquel”. Saturado de simbologia, misticismo e superstição, a diretora Luci Alcântara conseguiu resumir bem a obra (de pouco mais de 300 páginas) em 20 minutos, num curta-metragem descrito por ela mesma como nonsense e surrealista.

Se fosse para definir os personagens em poucas palavras, os descreveria como sendo o retrato (surreal) da sociedade louca e pervertida pelos valores morais impostos pela Igreja, que acaba por influenciar no desenvolvimento do caráter humano, subjugando os indivíduos e criando uma espécie de “culpa social” por causa da busca do lugar ao céu. Afinal, para se chegar ao “céu” tem de ser “puro e santo”, tendo até mesmo que transcender aos desejos mais sórdidos e primitivos que habitam o ser humano (nesse caso Camila), onde só sua alma é irmã de Deus. A carne não

domingo, 16 de maio de 2010

Documentarista Jean Rouch ganha mostra, de Ernesto Barros

Durante nove dias, o Cinema da Fundação e a Sala João Cardoso Ayres sediam a maior retrospectiva da obra do cineasta e antropólogo francês já exibida no Recife.



O cineasta-antropólogo francês, Jean Rouch, falecido em 2004, não é totalmente desconhecido do público recifense. Há três anos, algumas obras-primas de sua vasta filmografia fora la pièce de résistance do IV Panorama Recife de Documentários, realizado pela Prefeitura do Recife. Porém, em termos de grandiosidade, nada supera a Mostra Jean Rouch, de 14/05 (sexta-feira) até o dia 23/05 (domingo), no Cinema da Fundação e na Sala João Cardoso Ayres, no Derby, com entrada gratuita para o público.

Esta é a versão itinerante da grande retrospectiva exibida em algumas capitais brasileiras em 2009, sendo um dos principais eventos do Ano da França no Brasil. Com o mesmo curador à frente, o filósofo e ensaísta mineiro, Mateus Araújo Silva, a Mostra Jean Rouch traz um conjunto de 37 filmes, divididos em 17 programas, que reúne os momentos mais sublimes e mais fortes do cineasta, entre eles clássicos do cinema verdade - verité - como Eu, um negro, Crônica de um Verão, Os Mestres Loucos, Jaguar e A Caça ao Leão com Arco, entre outros.

Além dos filmes, a mostra conta com uma série de palestras e debates sobre a obra de Jean Rouch, com a participação do curador, professores da UFPE, entre eles, Paulo Cunha, Renato Athias, Laécio Ricardo e Camilo Soares, além dos cineastas, Vincent Carelli, Marcelo Pedroso e Gabriel Mascaro. Confira logo abaixo a programação deste domingo da Mostra Jean Rouch. Todos os dias postaremos a programação do evento.

Ernesto Barros: ebarros@jc.com.br

Endereço:

Cinema da Fundação e Sala João Cardoso Ayres
Rua Henrique Dias, 609 - Derby. Fone: 3073.6688

sábado, 15 de maio de 2010

Programação da Mostra Jean Rouch


18/05 – Terça-feira

Sala João Cardoso Ayres

14h30

- O Ciclo dos Ritos de Yenendi, entre os Songhay do Níger (1951 e 1967-68) 75'

- Yenendi, les Hommes qui font la pluie (Níger, 1951) 28'

- Yenendi de Boukoki (Níger, 1967-73) 10'

- Yenendi de Ganghel - le village foudroyé (Níger, 1968) 37'

Sala João Cardoso Ayres

16h

- Mesa: Jean Rouch, Antropólogo Visual

Sala João Cardoso Ayres

18h30

- O Grande Ciclo dos Ritos do Sigui, entre os Dogon do Mali (1967-1974) 140'

- Sigui Synthesé (Mali, 1967-1981) 140'

Uma dose de superego, contra duas de amnésia, Por Rafaela Galindo


O reajuste de 7,71% para os aposentados e o fim do fator previdenciário, criado no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) - com o intuito de reduzir o custo dos benefícios para quem se aposenta mais cedo- repercutiu mal para o presidente Lula que afirmou que o reajuste significaria um “rombo” para as contas da Previdência. Talvez, ele se livre da responsabilidade do veto, pois o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), disse que o texto, aprovado na Câmara, teria que passar por algumas correções. Somente em ocasiões como esta, vemos o presidente Lula se pronunciar de prontidão, já certo claro, que o veto não implicaria em dificuldades para eleger sua sucessora, a presidenciável Dilma Rousseff.

O ego do presidente tá lá nas alturas, na semana passada, ele até comentou que Dilma (PT) ainda não ultrapassou Serra (PSDB), porque ele ainda “não havia começado a pedir votos”. Uma situação como esta, também, não deve significar muita coisa para o presidente, que coleciona honrarias em sua carreira administrativa... Na semana passada, por exemplo, o Lula foi indicado para receber o prêmio de Campeão do Mundo na Batalha contra Fome, entregue pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), ligado à ONU. O Lula tá feito, essa é a realidade.

O Lula implantou uma nova era, instalou o Lulismo, disseminou o seu eufemismo que cai muito bem aos ouvidos do populacho... Hoje, ele consegue arrancar risos e gracejos mundo à fora, uma espécie de “ditabranda”- nomenclatura mal empregada por um colunista da Folha de São Paulo que, anos atrás, repercutiu mau para o jornal- na qual, o presidente resolve “tudo” distribuindo pão e circo para os que se deleitam sobre o leito do trabalhador, e nesse caso o aposentado, brasileiro.

É difícil, mas parece que faço parte de uma pequena parcela da população que acredita que o Brasil não precisa de oligarquias, de nepotismo, de alianças... Todos sabem que o Brasil, sempre foi o Brasil dos “arrumadinhos” políticos, todos aconchegados debaixo das asas do sistema judiciário caduco, paralítico, vegetal que vai entocando tudo na fortaleza das corrupções. Trabalhadores e aposentados podem ir se acostumando, porque o nosso País ta sendo acostumado a viver de políticas assistencialistas emergenciais, como o Bolsa Família.

Ora essa! Os brasileiros precisam ser mais ambiciosos, precisamos fazer prevalecer medidas que nos beneficiem num efeito prolongado, talvez, precisemos mesmo é nos reinventar. Isso mesmo! Ser mais patriotas, porque o que parece às vezes é que estamos enfiados dentro de uma cápsula, com a síndrome dos vira-latas que lambe suculentamente as migalhas deixadas pelos governantes malcriados que dizem e desdizem. Vamos utilizar o ego do presidente como exemplo, quem sabe se cada um não fizer isso, o Brasil não vai- de fato- para frente?

terça-feira, 13 de abril de 2010

Ceticismo

Desci um dia ao tenebroso abismo,
Onde a dúvida ergueu altar profano;
Cansado de lutar no mundo insano,
Fraco que sou, volvi ao ceticismo.


Da Igreja - a Grande Mãe - o exorcismo
Terrível me feriu, e então sereno,
De joelhos aos pés do Nazareno
Baixo rezei, em fundo misticismo:


- Oh! Deus, eu creio em ti, mas me perdoa!
Se esta dúvida cruel qual me magoa
Me torna ínfimo, desgraçado réu.


Ah, entre o medo que o meu Ser a terra,
Não sei se viva pra morrer na terra,
Não sei se morra pra viver no Céu!



Augusto dos Anjos

domingo, 11 de abril de 2010

Ritual dos Sádicos, Por Rafaela Torres Galindo.


Não é de hoje que a Igreja Caótica, quer dizer, Católica, tem a lisura colocada em questionamento. Recentemente, a imprensa mundial divulgou maciçamente que o papa Bento XVI pode ter tido conhecimento detalhado de episódios de abuso sexual contra menores na igreja. De acordo com o jornal americano The Washington Post , Bento XVI, quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger, responsável pela Congregação da Doutrina e da Fé, em 1985, desaconselhou que um sacerdote californiano, acusado de ter molestado menores, fosse reduzido em estado laico. A publicação cita trechos da carta escrita por Ratzinger, na qual o então gestor da Congregação para a Doutrina da Fé expressou sua preocupação pelas conseqüências que a remoção do sacerdote poderia ter para o “bem da Igreja”.

A carta, dirigida à diocese de Oakland, fazia parte de uma série de correspondências que durante anos discutiam os crimes do padre Stephen Kiesle. Detalhe, o Vaticano confirmou que a assinatura presente no texto seria a de Ratzinger. Já o The New York Times publicou que, em 1998, o Vaticano teria ordenado que o processo canônico contra o sacerdote Lawrence Murphy, acusado de abusar 200 crianças surdas, fosse paralisado. Anteriormente, a Santa Fé havia alegado que quando soube dos casos, o “pobrezinho” do Murphy já era idoso e estava com a saúde debilitada. Assim, Lawrence escapou ileso sob a estirpe da Igreja Católica e, sobretudo, de Ratzinger.

A Igreja Caótica, ops! Católica, assim como outras instituições, tenta evitar os escândalos empurrando a sujeira para debaixo do tapete. Renunciar? Bento XVI? Creio que não seja apenas essa a questão. Sou a favor de que cada qual pague pelos erros, mas puni-los sem repensar sobre a estrutura do sistema eclesiástico, clerical e hierárquico seria abreviar, ou até mesmo abrandar, a pena. Sendo assim, teríamos que começar pela lei do celibato (falo teríamos porque acredito que a sociedade deve repensar essas pendências) que tolhe a liberdade do homem, mas não consegue refugiar os sentimentos de prazer, inerentes à raça humana. Depois, a própria sociedade deve ser responsável pela punição desses psicopatas que se aproveitam da inocência pueril, em prol de um ritual sádico nefasto e mais insano que alguém poderia ousar.

Tudo bem que não podemos estabelecer uma relação inequívoca de causalidade entre celibato e pedofilia, pois muitos parentes, até mesmo pais, abusam sexualmente de crianças. No entanto, não podemos nos desvincular totalmente do celibato obrigatório e a pedofilia, sobretudo, quando para se chegar a padre, se foi educado, reformado e engomado desde criança ou adolescente num internato. Logo, aumentando o risco de desenvolver uma sexualidade imatura. Sou a favor de que todos pensem e ajam com inteligência. Não estamos mais no século em que a Igreja Caótica, ou desculpe novamente, Católica, manda e desmanda. A Idade Média acabou. Mas, infelizmente, parece que carregou consigo, até a era da nossa frágil pós-modernidade, os infortúnios de uma sociedade louca e pervertida por valores morais decadentes.

terça-feira, 30 de março de 2010

Pega ladrão!, por Rafaela Torres Galindo

Acompanhei com fervor o escândalo do mensalão do Democratas. Agora, a última novidade ocorreu nesta segunda-feira, com o protagonista do mensalão, José Roberto Arruda (sem partido), usando o direito (permitido pela Constituição brocha) de ficar calado, com o intuito de não responder o questionário da Polícia Federal (PF) sobre o esquema de corrupção do Distrito Federal. Por orientação do advogado Nélio Machado, Arruda afirmou que só vai falar quando tiver acesso a todos os documentos do inquérito. Só assim, temos ideia de como é frágil a nossa Constituição que, muitas vezes, serve de estirpe para abrigar corruptos narcisistas, numa profusão de caras, gestos, fatos, dinheiro, cuecas e meias em nossa consciência política.

Dos 11 convocados, apenas três se dispuseram a falar à PF, o ex-presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, o ex-secretário de Educação, José Luís Valente e o empresário (empreiteiro), Alcyr Collaço, que também aparece nas filmagens. Já a principal testemunha do esquema, Durval Barbosa, conseguiu, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, um habeas corpus para se manter em silêncio na reunião da CPI da Corrupção da Câmara Legislativa, ocorrida na última terça-feira. O ex-secretário de Comunicação, Welligton Morais, preso há mais de 45 dias no Complexo Penitenciário da Papuda, também preferiu permanecer calado durante o depoimento realizado ontem. A mesma estratégia foi utilizada pelo ex-vice governador, Paulo Octavio, na semana passada, quando se apresentou “espontaneamente” à PF.

A pocilga que afundou Arruda no lamaçal da baixaria e da corrupção não arrancou de Lula nem mesmo uma palavra de indignação. “Imagem não quer dizer tudo”. Pois é! Esse tipo de psicopatia política nem mesmo Freud ousaria explicar, ou quem sabe a resposta não está nos 76% do índice de popularidade do presidente que desbanca qualquer certeza de realidade? A nossa única convicção é a de que o pragmatismo corroeu a ética da política brasileira. É tudo tão técnico que facilmente pode ser desviado nas lacunas deixadas pela Constituição. É por essas e outras, que ainda existe gente querendo defender ladrão de paletó e gravata. Nélio Machado, por exemplo, aproveitou-se da situação e já encaminhou um novo pedido ao STJ para que o ex-governador seja solto.

Mesmo com as verdades mais cristalinas, a sol à pino, os nossos politiqueiros insistem em se refugiar através das desculpas mais estaparfúdias. No caso de Arruda, os panetones. Aaaah os panetones! Para sustentar a versão de que a quantia de R$ 50 mil, recebida em 2006, era uma contribuição para a compra de panetones, Arruda montou uma licitação, no mesmo dia em que a PF deflagrou a Operação Caixa de Pandora. Já está mais do que na hora, de nós brasileiros repensarmos nessas situações que abusam da nossa inteligência e paciência. A política, definitivamente, não pode ser alimentada por meio do pão e circo. Dessa maneira, seria querer justificar os fins pelos meios. E esse sistema cabia, sim, em séculos passados, mas não em um País como o nosso. Por mais frágil que seja a democracia, nós temos que gritar: PEGA LADRÃO! Porque do jeito que vai, simplesmente não dá!

Não tem boquinha não!


O ex-secretário de Comunicação do Distrito Federal, Welington Morais, envolvido no mensalão do Democratas, só pode conversar com seus advogados na cadeia sem usar nenhuma peça de roupa. A decisão foi feita pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Fernando Gonçalves. Depois do dinheiro na cueca e nas meias, todo cuidado é pouco.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Kurozawa, um ícone centenário


Difícil cartografar o extenso deserto que separa o nascimento de um homem e a sua transformação em cânone. Nem o sangue mais denso dá a imortalidade a alguém, senão a competência em esculturar as contingências que se impõem. No caminho traçado pelo cineasta japonês Akira Kurosawa, uma muralha se atravessava de antemão, com o peso irremovível de uma história de reclusão nacional. A força poética de suas imagens, porém, francamente exibidas numa tela encampada do outro lado do muro - o Ocidente - revelaria o que é dado histórico: espontaneamente, o isolamento se revela miragem.

Kurosawa nascia no dia 23 de março de 1910 - completaria centenário na última terça-feira. Veio ao mundo décadas após o fim do regime feudalista que mantinha o Japão amplamente rural, àquela altura alheio à maciça industrialização que acometia boa parte do planeta. No ínicio do século 20, restara ao País uma cultura que ainad se mantinha hermética à influência européia ou americana. O diálogo se abria aos poucos, fosse pela via do atrito político, descambada em guerra, ou pela progressiva chegada de produtos ocidentais no país, entre eles os filmes. Faminto, Kurosawa começou a conhecê-los ainda jovem, apaixonado pelos ícones iniciais do que viria a ser o cinema clássico.

Entre as décadas de 1940 e 1990, o cineasta realizaria 30 obras, virando ele mesmo um dos nomes estampados em qualquer cartilha para iniciantes na história da arte cinematográfica. Com a sua morte, em 1998, ficou legado artístico que influenciou abertamente o cinema europeu e americano. Steven Spielberg, Francis Ford Coppola, George Lucas e Martin Scorcese, quarteto emblemático das últimas décadas hollywoodianas, herdaram de Kurosawa certo perfeccionismo de autor, negando a intrusão de qualquer escorregão possível na semântica entre trama e acabamento plástico.

Sua trajetória afinou cada vez mais o flerte com o cinema ocidental - foram produções americanas, adaptações por americanos e europeus, uso de atores americanos - o que gerou amplo reconhecimento de crítica e mercado do lado de cá - se "lado de cá" ainda fizesse sentido depois dele. Num suposto e datado lado de lá, restaram outros grandes nomes, como Kenji Mizoguchi e Yasujiro Ozu, nunca postos no mainstream, e críticos ferrenhos, que se opunham ao intercâmbio. É no entremeio que ficaram obras como Os Sete Samurais (1954), Dodesukaden (1970) e Ran (1985), entre tantas outras. Onde mais, senão perdidos pelo caminho, poderíamos enxergar as duas margens de um território tão vasto?

Um intérprete de dois mundos


"Kurosawa foi, possivelmente, o cineasta oriental que mais estabeleceu relações com a cultura ocidental", acredita o jornalista, crítico e doutor em cinema pela Sorbonne, Alexandre Figueirôa. "O cinema dele é universal, capaz de ser compreendido em qualquer lugar, isso sem perder os valores intrínsecos à cultura japonesa, seja na maneira de articular narrativas, no cuidado com as composições ou, por exemplo, na forma que adaptou histórias de Dostóievski ou de Shakespeare", reflete.

Foi quando adaptou O Idiota (1951), de Dostóievski, que Kurosawa começava a despontar no Ocidente. Um ano antes, havia realizado Rashomon (1950), filme adaptado de textos literários de Akutagawa Ryunosuke que lhe garantiu o Grande Prêmio do Festival de Veneza e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Retrato de um assassino dividido entre as visões de quatro personagens, ficou marcado pelo dispositivo narrativo. "Mesmo sendo a adaptação de uma obra literária, o filme estabeleceu um modelo de narração calcado em diversos pontos de vista. Tornou-se um marco", afirma Ernesto Barros, jornalista, crítico e programador de cinema.

Foi também nesta época que o cineasta consolidou a parceria com o ator Toshiro Mifune, com quem trabalhou 16 vezes desde O Anjo Embriagado (1948), incluso o caso de Rashomon. Tudo acontecia ao mesmo tempo: enquanto galgava a internacionalização, Kurosawa se estabelecia como referência e começava a inspirar revisões ocidentais. Rashomon, por exemplo, deu origem a Quatro Confissões, remake dirigido em 1964 por Martin Ritt, estrelado por Paul Newman.

As trocas iam e vinham em mão dupla. Da cultura clássica, Kurosawa resgatou Shakespeare em Macbeth (Trono Manchado de Sangue, 1957) e Rei Lear (Ran, 1985), esta uma das mais caras obras transformadas em monumento. Enquanto isso, americanaos e europeus traduziam seus filmes em legado, por vezes em westerns que se tornaram clássicos. Os Sete Samurais (1954), filme em que aldeões oprimidos resolvem guerrear por comida, virou Sete Homens e um destino pelas mãos de John Sturges. Já O guarda-costas (1961) deu origem a Por um Punhado de dólares (1964), de Sergio Leone.

Escritor, cineasta e jornalista, Fernando Monteiro, observa o contra-ponto. "O perfil universalista de Kurosawa terminou eclipsando outros nomes japoneses, como Mizoguchi, que considero artisticamente mais interessante. A redenção do Ocidente a Kurosawa se assemelha à que houve a Fellini, que eclipsou outros cineastas italianos, como Valerio Zurlini", diz.

Críticas pela ocidentalização causaram grave depressão no cineasta, que chegou a tentar suicídio. A má fase veio após Dodesukaden (1970), filme que remonta o cotidiano de habitantes de uma favela em Tóquio. Kurosawa passou a ter cada vez mais dificuldade em angariar recursos japoneses, salvo pelo interesse de George Lucas e Francis Ford Coppola, que garantiram a finalização de Ran (1985), um clássico pictórico, e o inseriram de vez na rota da produção em Hollywood.

Em termos artísticos, foram mudanças evudentes, mas não essenciais. "Nos filmes em preto e branco, Kurosawa se concentrava mais em elementos romanescos da narrativa. Após o advento da cor, passa a ter um cuidado com a composição que se realça a cada filme", diz Figueirôa. "Uma obra como Ran ultrapassa qualquer referência na cinematografia mundial: cada figurino, cada detalhe de composição é impecável. Kurosawa trabalhava as cores como um artista, e nem por isso passou a subestimar as tramas", aponta.

Parte de suas obras está sendo relançada no Brasil pela Europa Filmes. Um pack reúne quatro delas (Os sete samurais, 1954, Cão Danado, 1949, Céu e Inferno, 1963 e Sanjuro, 1962), além de Depois da Chuva (1999), roteiro que Kurosawa morreu antes de filmar, realizado por um de seus assistentes, Takashi Koizumi.



de Luís Fernando Moura (lmoura@jc.com.br) e colaboração de Paulo Sérgio Scarpa.

Filmografia Completa de Akira Kurozawa



1999 - Ame Agaru (Depois da Chuva, direção de Takashi Koizumi sobre roteiro de Shugoro Yamamoto e Akira Kurosawa)
1993 - Madadayo (Ainda não!) R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1991 - Hachi-gatsu no kyôshikyoku (Rapsódia em Agosto) - R$ 14,40 na LIVRARIA CULTURA
1990 - Yume (Sonhos) - R$ 22,40 na LIVRARIA CULTURA
1985 - Ran (Os Senhores da Guerra) - R$ 19,90 na LIVRARIA CULTURA
1980 - Kagemusha (A Sombra de um Samurai) - R$ 22,40 na LIVRARIA CULTURA
1975 - Dersu Uzala (A Águia das Estepes) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1970 - Dodesukaden (O Caminho da Vida) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1965 - Akahige - (O Barba Ruiva) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1963 - Tengoku to jigoku (Céu e Inferno) - R$ 29,60 na LIVRARIA CULTURA
1962 - Tsubaki Sanjûrô (Sanjuro) - R$ 29,60 na LIVRARIA CULTURA
1961 - Yojimbo (O Guarda-Costas) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1960 - Duelo Silencioso - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1960 - Warui yatsu hodo yoku nemuru (Homen mau dorme bem) - R$ 39,76 na LIVRARIA CULTURA
1958 - Kakushi toride no san akunin (A Fortaleza Escondida) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1957 - Donzoko (Ralé) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1957 - Kumonosu-jo (Trono Manchado de Sangue) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1955 - Ikimono no kiroku (Vivo no Medo)- R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1955 - Anatomia do Medo - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1954 - Shichinin no samurai (Os Sete Samurais)
1952 - Ikiru (Viver) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1951 - Hakuchi (O Idiota) - R$ 54,40 na LIVRARIA CULTURA
1950 - Rashomon (Às Portas do Inferno) - R$ 45,60 na LIVRARIA CULTURA
1950 - Shubun (O Escândalo) - R$ 54,40 na LIVRARIA CULTURA
1949 - Nora Inu (Cão Danado) - R$ 29,60 na LIVRARIA CULTURA
1949 - Shizukanaru ketto (Duelo Silencioso)
1948 - Yoidore tenshi (O Anjo Embriagado) - R$ 39,44 com o +cultura na LIVRARIA CULTURA
1947 - Subarashiki nichiyobi
1946 - Waga seishun ni kuinashi (Não Lamento Minha Juventude)
1946 - Asu o tsukuru hitobito
1945 - Tora no o wo fumu otokotachi
1945 - Zoku Sugata Sanshiro
1944 - Ichiban utsukushiku
1943 - Sugata sanshiro (A Saga do Judô)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Pode chorar Cabral!, por Rafaela Torres Galindo.



Estou de saco cheio de toda essa polêmica!

Após a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 387, de autoria dos deputados Ibsen Pinheiro (PSDB/RS) e Humberto Souto (PPS/MG), que divide os royalties do petróleo da camada pré-sal de forma igualitária entre estados e municípios, travou-se no País uma grande fuzarca que promete estender o embate até o período eleitoral. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), tenta evitar um colapso administrativo e econômico no estado, que poderá refletir, também, num desastre eleitoral este ano.
Para isso, Cabral teve que chorar pelo petróleo derramado, durante um evento na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do estado. O choro parece que não comoveu muito e as opiniões estão se dividindo em progressão exponencial. A única esperança do governador seria o veto de Lula, entretanto, o presidente jogou um balde de água fria em Cabral ao declarar que “não ter nada a ver com isso”, alegando também o fato de que “seria melhor aguardar as eleições para discutir sobre a partilha”.
Não precisa ser muito inteligente para entender que, só através de uma reforma na distribuição de tributos, o Brasil seria capaz de sanar as desigualdades regionais existentes e acabar com esse dilema. No entanto, o governo mandou as propostas de mudanças da lei do petróleo em caráter de urgência. Isso significa que o Senado tem 45 dias para resolver a questão. O grande dilema gira em torno de que, isso tudo caberia em uma reforma tributária mais ampla, mas que nunca foi feita, apenas debatida.
É difícil tragar, no caso do pré-sal, a norma em vigor para o pagamento dos royalties que privilegia os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Esse modelo foi criado, na realidade, em 1986, com a Lei n° 7.525, que na época, visava beneficiar os municípios detentores da riqueza explorada. É verdade sim que a medida é um absurdo! Afinal, os recursos financeiros do produto explorado, independente da localização, dizem respeito à riqueza da União, da Nação como um todo, e não merece ser fatiado em um processo de hierarquização de bens estaduais.
A bancada fluminense no Congresso estuda apresentar uma proposta em que os estados produtores ficariam com 11% da partilha e os demais municípios com 9%. No entanto, a medida não será aprovada tão facilmente. Afinal, um senador da Bahia abdicaria de beneficiar seu próprio estado para abrir as pernas para o Rio? Impossível!
Inconstitucional ou não, a hegemonia liderada pelos três estados tem de chegar ao fim. O Brasil clama por mais recursos financeiros distribuídos em prol da melhoria populacional. Entendo a posição de Cabral, pois como já diria George Bataille “todo homem quer ser tudo”, e ele até que tentou... dramatizou, chorou, mobilizou os fluminenses na passeata Contra a covardia, em defesa do Rio, mas se depender do Senado, acredito eu, que a partilha igualitária deve prevalecer e para Cabral resta chorar pelo petróleo derramado. E só!

O Carnaval do Arlequim, de Miró

Se os Nardoni são inocentes, então a Justiça é culpada!

Água poluída mata mais que violência no mundo, diz ONU


A população mundial está poluindo os rios e oceanos com o despejo de milhões de toneladas de resíduos sólidos por dia, envenenando a vida marinha e espalhando doenças que matam milhões de crianças todo ano, disse a ONU nesta segunda-feira (22/03).

"A quantidade de água suja significa que mais pessoas morrem hoje por causa da água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras", disse o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês).

Em um relatório intitulado Água Doente, lançado para o Dia Mundial da Água nessa segunda-feira, o Unep afirmou que dois milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantescas "zonas mortas", sufocando recifes de corais e peixes.

O resíduo é composto, principalmente, de esgoto, poluição industrial e pesticidas agrícolas e resíduos animais.

Segundo o relatório, a falta de água limpa mata, anualmente, 1,8 milhão de crianças com menos de cinco anos de idade. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento, que lançam 90% da água de esgoto sem tratamento.

A diarreia, principalmente causada pela água suja, mata cerca de 2,2 milhões de pessoas ao ano, segundo o relatório, e "mais de metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pessoas com doenças ligadas à água contaminada".

O relatório recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos multimilionários para tratamento de esgoto.

Também sugere a proteção de áreas de terras úmidas, que agem como processadores naturais do esgoto, e o uso de dejetos animais como fertilizantes.

"Se o mundo pretende sobreviver em um planeta de seis bilhões de pessoas, caminhando para mais de nove bilhões em 2050, precisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner. "O esgoto está, literalmente, matando pessoas".

da Reuters, em Abidjan

segunda-feira, 22 de março de 2010

Quem quer pizza?, por Rafaela Torres Galindo


Pelo visto, a campanha dos fichas-limpas vai tardar, como já era previsto, a ser aprovada. Infelizmente, mesmo tendo recolhido 1,6 milhões de assinaturas, o projeto corre sério risco de não entrar na pauta de votação da Câmara, a tempo de ser validado para as eleições deste ano. É muito simples o que acontece, basta entender que estamos no Brasil, e aqui, como é de praxe, tudo acaba em pizza. Em reunião marcada para esta terça-feira, o presidente da Câmara, Michel Temer, disse que pedirá apoio dos parlamentares junto às bancadas. O mais interessante é que a matéria estará pronta para ser examinada no plenário na semana após a Páscoa. Somente, na semana APÓS a Páscoa, claro! Antes, não dá gente.

De acordo com Temer, o projeto poderá ser aprovado, pois “o texto melhorou bastante”. Agora, o registro será negado se houver alguma condenação, em primeira ou segunda instância, mas desde que imposta por um colegiado e não por um único juiz. Ainda de acordo com o presidente, a medida serve para evitar perseguições políticas. Mas é claro! Afinal, os entranhados nessa malha de corrupção temem perder a herança dos cargos eletivos, que, hoje, virou hereditário. Quantos Coelhos não estão no poder? Quantos Lacerda? Uchoa, Costa, Guerra e os Sarneyzinhos? Tão bonitinhos... todos enfeitados de atos secretos, que, na maioria das vezes, quase todos dizem desconhecer.

Diante deste cenário, tenho a impressão de que os políticos vivem em um mundo a parte do nosso. Com suas próprias leis, orbitando entre os milhões dentro de cuecas, meias e bolsas e carteiras da Louis Vuitton. Para começar, político no Brasil, só tem amigo doleiro, lobista e empreiteiro. É uma propina cá, um cartão corporativo pra lá, um escandalozinho da farra das passagens aéreas, e para apimentar e instigar nossos ânimos, que tal um mensalão para nos deixar ainda mais vidrados nesse reality show da pornopolítica brasileira?

Outra coisa que me chama atenção são as faces, por vezes tão inatuais dos nossos politiqueiros. Quem não se lembra do semblante de Roberto Jefferson durante a CPI do mensalão? Suado? Não, não! Nem um pouco... e quem não se lembra, também, da célebre frase: “Dirceu, você desperta em mim os instintos mais primitivos”. AAAh perae gente! Isso é digno de palmas! Lindo! Pra nós, brasileiros comuns, eu só tenho a lamentar, não fazemos parte dessa realidade. E a campanha dos ficha-sujíssimas, ao meu ver, parece que irá permanecer no vácuo, quando não, irá depender das iniciativas do nosso sistema Judiciário vegetativo.

domingo, 21 de março de 2010

Opinião Pública já era!, de Rafaela Torres Galindo


Sempre tive inveja de Lula. Sempre cobicei, imoderadamente, o seu eufemismo que, por vezes, soa tão bem aos ouvidos do populacho. Mas, desta vez, nosso “Hermes” brasileiro parece ter cambaleado ao comparar os presos políticos de Cuba a bandidos comuns, ou dizer que greve de fome não é pretexto para liberação de presos, em referência aos protestos de perseguidos políticos no País. A questão é muito simples. Os jovens de hoje e a opinião pública parecem não entender que é difícil para a geração de Lula falar mal dos Castro, condenar os fuzilamentos, as burrices que andam fazendo, porque Cuba, afinal, era tudo. O Lula, na realidade, é um nostálgico, isso mesmo, em nenhum momento ele se arrependeu de suas declarações, pelo contrário, a sua mente impregnou a lívida lembrança de um bando de garotos barbudos, lindos, com metralhadoras na mão, tomando a ilha, expulsando o ditador e fundando o socialismo, sonho máximo de generosidade.

Dizem que Lula e a candidata a sucessão do trono, ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, foram presos políticos no Brasil. Mas me digam o que isso importa agora? E dái? Isso tudo faz parte do passado, acreditem. Hoje não são mais do que meras lembranças de um ex-pobre, sindicalista e caboclo. O Lula anda de jatinho, ganha prêmios e é condecorado em países mundo a fora. O presidente é o cara. Acreditem! Em suas últimas declarações, Luís Inácio Lula da Silva defendeu que seu colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o regime dos aiatolás não PODEM ser comparados a Adolf Hitler. É isso mesmo! Para quem beijou a mão de Jader Barbalho, sim, aquele mesmo que foi pego acusado de formação de quadrilha e de desviar verbas da antiga Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) qualquer afirmação que seja feita, é de se esperar e, ainda mais, de se louvar. A popularidade do presidente desmistifica qualquer certeza de realidade. Afinal, se 80% da população brasileira o admira, quem é a opinião pública para falar alguma coisa?

Os Fuzilamentos de três de maio, Goya

quinta-feira, 18 de março de 2010

Noel Rosa, o Poeta da Vila, tem repertório revisitado na festa dos Caranguejos Antenados



Quem marcar presença na festa dos Caranguejos Antenados conhecerá grandes obras do mestre Noel Rosa. Nascido no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro de 1910, o Poeta da Vila, como era conhecido, foi um dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil.

Sambista, cantor, compositor, bandolinista e violinista, Noel de Medeiros Rosa, através do rádio, principal meio de comunicação da época, deu contribuição fundamental na legitimação do samba de morro no “asfalto”. Em menos de dez anos de carreira, o Poeta da Vila criou uma incontável quantidade de músicas, muitas delas, atualmente, clássicos do samba de raiz.

Na celebração dos Caranguejos Antenados, o público poderá conferir clássicos do vanguardista, em suas gravações originais, como Com que Roupa (1929), Gago Apaixonado (1930), Onde Está a Honestidade (1933), Filosofia (1935), Palpite Infeliz (1935), além de vários outros clássicos que marcaram a introdução e a fusão do samba na cultura brasileira. Noel morreu no dia 4 de maio, em 1937, vítima da tuberculose.

A Tentação de Santo Antônio, de Dalí

Agenda Cultural

Sexta-feira (19) - Apresentação gratuita das bandas Semente de Vulcão e Elementos, às 22h, na Casa da Moeda.

Sábado (20) - Show com as bandas Tacape e Mandala, às 23h, no N.A.V.E. Ingressos R$ 7.

Vamos Todo Poderoso Timão!!!


Valeu Timão! Ao contrário de muitos comentaristas que não entendem nada de futebol e ainda se arriscam a dar palpites infundados, afirmo que o Corinthians tem hoje o melhor elenco, sim, e a melhor disposição tática do país. Concordo com o Mano Menezes ao afirmar que o Todo Poderoso tem que melhorar muito mais. Melhorar para dominar de vez o ranking dos melhores times do Brasil e papar a tríplice coroa. Ontem, na vitória fora de casa contra o Cerro Porteño, do Paraguai, foi dado mais um passo para a ascensão que todos esperam da equipe em 2010, no ano do centenário do campeão dos campeões.

A equipe do Paraguai conheceu a força da nação corintiana, que invadiu o Defensores del Charco para empurrar o Corinthians na conquista do seu maior objetivo, a Taça Libertadores da América. A marcação foi a marca do jogo. O Corinthians definitivamente não deixou o Cerro Porteño jogar. Com três volantes, Ralf, Jucilei e Elias, a falta de criatividade dos jogadores paraguaios esbarraram na marcação forte do timaço e inviabilizaram qualquer jogada que provocasse algum perigo para a meta do goleiro Felipe.

Com o oportunismo do atacante Ronaldo, que deixou o dele após cinco partidas sem marcar, o Corinthians sai do Paraguai líder, invicto e com a melhor campanha dos times brasileiros até aqui. Vale frisar que com a equipe que Mano possui em mãos, realmente precisa-se melhorar bastante, já que o Timão vive de títulos. Diferentemente dos outros treinadores, como o Dorival Jr., do Santos, que acha que seu time é o melhor do mundo porque tem ganho de times como o Naviraiense. Quero ver quando nos batermos nas semi-finais do paulistão, se vai dar R9 ou o menino mais menino do que nunca, Neymar.